Um forte tom de cobrança
ao governo federal por apoio aos Estados no combate ao crime organizado marcou
o primeiro dia do encontro do Conselho de Secretários de Segurança do Nordeste
(Consene), nessa ultima quinta-feira (24), em Salvador, Bahia. Um dos pedidos
dos gestores – e que deverão ser formalizados em uma carta a ser entregue ao
ministro da Justiça, Torquato Jardim – é a criação de um Sistema Único de
Segurança, que possibilite a transferência mais rápida de recursos federais
para os Estados.
Enquanto os gastos
estaduais com a segurança seguem, desde 2006, uma tendência de aumento (com os
resultados oscilando entre bons e ruins), a transferência de verbas federais é
irregular (ver arte ao lado). Em 2008, segundo ano do Pacto pela Vida, houve um
recorde de R$ 43,4 milhões, utilizados em boa parte para a modernização
estrutural das forças de segurança. No ano passado, apenas R$ 700 mil foram
repassados pelo governo federal para o combate à criminalidade.
VERBA: A escassez de
recursos dos Estados nordestinos constrata com a ousadia do crime organizado,
que segue ganhando terreno na região. A expansão do Primeiro Comando da Capital
(PCC) – facção criminosa que comanda a maior fatia do tráfico de drogas no
Brasil – no nordeste foi tratada ontem no encontro de secretários. Em palestra
reservada, sem a presença da imprensa, o promotor do Ministério Público de São
Paulo Lincoln Gakiya falou sobre o atual estágio de atuação do grupo criminoso
no País. Gakiya investiga as atividades do PCC desde 2006 e foi responsável pelos
pedidos de transferência, entre presídios federais, de vários líderes da
organização (incluindo Marcos Williams Herbas Camacho, o Marcola), de forma a
segregá-los ainda mais.
O evento em Salvador
continua hoje, com os gestores estaduais discutindo a possibilidade de
parcerias para combater as investidas a bancos, carros-fortes e outras
instituições financeiras. “Os estados do Nordeste têm enfrentado essa realidade
com muito esforço, mas é preciso reforçar um plano nacional, com banco de dados
e investigações interestaduais, porque são bandidos que circulam em todo o
território nacional”, comenta o secretário estadual de Defesa Social, Antônio
de Pádua.
Segundo ele, procedimentos
para melhor fiscalização sobre os explosivos extraviados pelas quadrilhas, além
da criação de novas vagas em presídios federais, de modo a isolar de forma mais
adequada os criminosos dessa modalidade também estão na pauta.
Outro assunto será a
padronização da contagem de homicídios por parte das secretarias.
O secretário estadual de
segurança da Bahia, Maurício Teles, reforçou a necessidade de integração entre
as unidades da federação no enfrentamento às facções. “O combate ao crime
organizado é um desafio que deve ser pensado em nível nacional e reforçado em
ações regionais como essa”, finalizou ele, que também é presidente do Consene.
Responsável pela gestão
das forças de segurança em um dos estados mais violentos da região, o Ceará, o
secretário André Costa explica que o crime organizado deixou de ser um problema
regional. O gestor condenou o fato de o país ainda não ter um Plano Nacional de
Segurança Pública efetivo – o que foi lançado em janeiro deste ano pelo então
ministro Alexandre de Moraes, ainda é muito criticado. “Hoje e na próxima
semana, em Rondônia, estaremos cobrando ainda mais apoio do Governo Federal.
Essa é uma realidade em Salvador, no Ceará e nos demais estados do Nordeste e
do país e precisamos do apoio da União nessa luta”. (Via: JC Online)
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