Após prestigiar a visita de Dilma ao Ceará, presidente da Amupe volta a bater no governo federal e ministro do PSB é alvo
Ministro Bezerra Coelho foi alvo de críticas de socialistas (Imagem JC)
O anúncio de um pacote de R$ 9 bilhões em investimentos para combater os efeitos da seca no Nordeste não foi suficiente para frear a ofensiva da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) contra o governo federal. Só que, desta vez, o alvo não foi apenas a presidente Dilma Rousseff (PT), mas também o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB). Num indicativo de que o clima dentro do PSB pernambucano não está a seu favor, FBC entrou na mira do correligionário e presidente da entidade, José Patriota (PSB).
Alçado ao comando da Amupe por meio de uma articulação capitaneada
pelo governador Eduardo Campos (PSB), Patriota cobrou do ministro, após a
reunião da Sudene, em Fortaleza, o cumprimento da “promessa” de que
haveria um repasse de dinheiro direto e desburocratizado aos municípios.
O desejo era de que o governo federal seguisse o “exemplo” do
governador, criando um fundo de apoio às prefeituras.
De acordo com Patriota, a expectativa foi criada durante o encontro
promovido por FBC com 50 gestores municipais do Estado, no dia 18 de
março. “O dinheiro fundo a fundo, que ele chegou a anunciar, desapareceu
da pauta. Ele criou a expectativa sobre esse apoio que, inicialmente,
seria anunciado na visita da presidente à Serra Talhada e não foi.
Depois, disseram que seria anunciado hoje (ontem) e também não foi”,
cobrou.
O tom das declarações do presidente da Amupe se assemelha ao discurso
lido, nessa terça-feira, pelo governador Eduardo Campos durante o
encontro no Ceará, quando ele pediu menos burocracia no envio de verbas
federais aos municípios e Estados. Ainda segundo Patriota, o governo
federal excluiu as prefeituras das parcerias para combater a seca. Os
municípios, de acordo com ele, só foram contemplados com a cessão de
equipamentos como carros-pipa e retroescavadeira. “Estamos frustrados
porque fomos excluídos da gestão da seca. Marginalizados. Por quê dar
poços para o Exército construir quando as prefeituras poderiam fazer
esse trabalho?”, questiona.
A Amupe tem feito críticas constantes ao governo. Na segunda (1º)
aprovou uma moção de repúdio à decisão da presidente de prorrogar a
redução do IPI para o setor automobilístico. Antes restritos a Dilma, as
cobranças se voltaram ao ministro Bezerra Coelho, que ganhou a
desconfiança do meio socialista ao assumir a linha de frente da defesa
do governo federal no momento em que Eduardo trabalha para viabilizar
seu projeto presidencial.
“Ele não pode servir a dois senhores”, disse, em reserva, um
integrante do PSB. Internamente, a postura do ministro na reunião de
ontem foi considerada “a gota d’água” diante dos rumores de que ele
poderia desembarcar no PT para candidatar-se ao Executivo estadual. A
reportagem não conseguiu contato com FBC.
Débora Duque
Débora Duque
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