
Tolmasquim disse à Reuters que era "improvável"
que o governo mantenha seus planos de construir quatro novas usinas nucleares
até 2030 para atender a crescente demanda por eletricidade.
Ele se recusou a informar quantas usinas serão construídas.
Os comentários de Tolmasquim, parte de uma avaliação mais
ampla dos planos estratégicos de longo prazo do País para geração de energia
elétrica, ressaltaram as dúvidas globais quanto à energia nuclear mais de dois
anos depois do terremoto seguido de tsunami que levou a um acidente na usina de
Fukushima, no Japão.
"Depois do Japão, as coisas foram colocadas em espera", disse Tolmasquim em entrevista na semana passada. "Não abandonamos [ os planos ]... mas eles também não foram retomados. Não é uma prioridade para nós neste momento."
O Brasil ainda não iniciou o processo das unidades
projetadas que estarão finalizadas em 2030. A usina atualmente em construção, Angra
3, está sendo construída com tecnologia alemã da Siemens-KWU.
O Brasil permanece como um local relativamente atrativo para
a energia nuclear, disse Tolmasquim, já que é um dos poucos países que possui
todos os elementos naturais necessários para sua produção. Além das duas usinas
nucleares existentes no Rio de Janeiro, uma terceira está em fase de
construção, e deve entrar em operação em 2018.
Depois de um crescimento econômico robusto na última década,
o Brasil é o mercado para novas fontes de eletricidade confiáveis, limpas e
baratas. A rede de energia do País atualmente se baseia em usinas hidrelétricas
para cerca de 75% de sua demanda. Isso tem benefícios ambientais evidentes, mas
também deixou o país vulnerável durante eventuais períodos de seca.
Em janeiro, o tempo seco no Nordeste causou temores de
escassez de energia, o que abalou os mercados financeiros e causou dor de
cabeça para a presidente Dilma Rousseff. A última grande crise havia ocorrido
em 2001, quando a escassez de energia derrubou em cerca de 1 ponto percentual o
crescimento econômico brasileiro e deixou milhões de pessoas à luz de velas.
Momento da energia eólica
Atualmente, a energia nuclear representa pouco mais de 1% da
geração de energia elétrica no Brasil, mesma porcentagem das usinas eólicas. A
geração termoelétrica movida a gás natural responde pela maior parte do
restante.
Apesar da desaceleração da economia desde 2011, a demanda por
eletricidade continuou a crescer enquanto muitos brasileiros migram para a
classe média e compram pela primeira vez geladeiras, TVs e outros bens de
consumo movidos a energia elétrica. O consumo de eletricidade subiu 3,5% em
2012, comparados ao crescimento de apenas 0,9% da economia como um todo.
Tolmasquim, que foi o principal assessor de Dilma quando ela
foi ministra da Energia no início dos anos 2000 e ainda é próximo à presidente,
disse ver potencial para a expansão da energia eólica graças ao aumento da
competição e aos avanços tecnológicos que reduziram os preços.
A média de preços da energia eólica no Brasil caiu de R$ 148
por megawatt-hora no fim de 2009 para R$ 110 por megawatt hora este ano.
"Este é o momento da energia eólica", disse.
"Houve uma revolução em termos de custos."
Diversas empresas internacionais estão investindo em energia
eólica no Brasil, incluindo Enel Green Power, General Electric Co., Alstom e
Gamesa Corporación Tecnológica.
O sucesso da energia eólica reduziu a ambição pela expansão
da energia solar, ao menos por enquanto, disse Tolmasquim. Ele disse que a
eólica é atualmente mais barata que a energia solar no Brasil, apesar ser
provável que os avanços tecnológicos mudem isso.
"É uma questão de tempo", disse Tolmasquim. "A
energia solar está vindo, cedo ou tarde."
Qualquer coisa que reduza o preço da energia elétrica será
bem-vinda. Apesar da abundância de sol e de vento e de outras formas de energia
limpa, o Brasil ainda tem um dos preços de energia mais altos do mundo,
principalmente por conta dos altos impostos.
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