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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Genildo Santana: "Essas Caixas não Encaixam".

É triste de ver e de viver.
Abastecimento d’água com carro pipa em caixas – 40 ao todo – e muitas latas d’água na cabeça.

Essas caixas não encaixam.
Não é pela estética. A cidade está mais feia com elas. Mas, pior do que estética é passar sede.

Elas não encaixam é água suficiente para a população. Elas não encaixam a falta de caráter de quem já está roubando sua água. Cada dia sabe-se de um fato novo. Houve até quem botou bomba nelas e encheu seu próprio reservatório.

Elas não encaixam a irresponsabilidade, dos políticos principalmente. Políticos de ontem e de hoje. Políticos de cá e políticos de lá da capital do Estado e da capital Federal. Tampouco encaixam a irresponsabilidade de um povo que não se adaptou a viver no sertão. E vive nele como quem vive em Nova Iorque. Desde tempos imemoriais que a relação do homem com a natureza é uma relação de adaptabilidade. E quem deve se adaptar é sempre o homem. A natureza, nunca. Nunca se curvou ao ser humano. Mas, o homem, pra viver e se perpetuar, sempre teve que se curvar à natureza e à mãe-terra, a Gaya.
Olhem nós ai, de novo curvados a ela. Implorando uma gota d’água que o céu não quer chorar.

As caixas não encaixam a desculpa de que Deus é o culpado. Elas não encaixam o argumento de que é por falta de chuva. Muito menos, encaixam o desperdício, a futilidade, a vaidade do humano, que em tempos de crise, vive como se crise não houvesse.

Essas caixas não encaixam as imbecilizantes disputas políticas, familiares, grupais, onde todos – e no final, nenhum – se arvoram em defensores da população. Tampouco encaixam o sectarismo de eleitores que apóiam esses políticos, sem nem sequer questioná-los. Não encaixam os montantes gastos pra elegerem incompetentes aos cargos do Legislativo e Executivo. Não encaixam os investimentos de empresários que não estão nem ai pra população. Satisfazem, quando muito, seu Ego egoísta. Elas não encaixam o sofrimento dos pobres, que são sempre quem pagam o pato. Elas não encaixam a falta de solidariedade dos que acumulam água em suas cisternas de 60, 80 e até 100 mil litros d’água. Isso é anti-ético.
Mas falar em ética num pais onde quem manda é o dinheiro é não encaixar bem as coisas.

Essas caixas d’água não encaixam o século XXI com problemas do século XIX.
E você, caro leitor, pense em outras coisas que essas caixas não encaixam.
Uma coisa eu tenho certeza: é muita coisa. 
(Fonte: Radar do Sertão).

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