Arsenal foi apreendido dentro da casa em Tramandaí (Foto: Robson Alves/Brigada Militar |
A Justiça do Rio Grande do
Sul negou um pedido de habeas corpus ao comissário da Polícia Civil Nilson
Aneli, investigado por uma suposta ligação com o traficante executado por um
grupo rival no último domingo (4) em Tramandaí, no Litoral Norte. O policial
trabalhou no gabinete do ex-secretário estadual de segurança Airton Michels até
o final do ano passado. Michels disse que Aneli reconheceu ter feito
"bicos" em vigilância privada ao traficante, mas garantiu que não
sabia que se tratava de um criminoso.
A decisão foi tomada pela
desembargadora Osnilda Pisa, da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça
gaúcho. Aneli, conforme o ex-secretário, confirmou por telefone que trabalhava
em uma casa de praia, quando Alexandre Goulart Medeiros, o Xandi, foi
assassinado, em Tramandaí.
Segundo a defesa do
comissário, ele não estava trabalhando no momento do tiroteio. Pouco depois da
morte do traficante, que estava em visita na casa, ele foi até lá para receber
o pagamento referente a um trabalho em outra ocasião no mesmo local.
"Muito embora sintética, a decisão que decretou a prisão preventiva do
paciente está minimamente fundamentada na garantia da ordem pública",
argumenta Osnilda na sentença.
Na semana passada, Michels
afirmou que a prática de "bicos" por servidores públicos em
vigilância privada é uma "realidade nacional", "praticamente
impossível" de ser combatida. "Não tem como fugir, é uma realidade
brasileira. É um vício histórico, é uma cultura, e tem outros fatores: a
natureza do trabalho policial, por exemplo, pode deixar eles muito tempo sem
ter nada para fazer. Acabam fazendo esse bico. Então a primeira tarefa é pagar
salários mais dignos aos policiais e isso nós fizemos", disse Michels, que
comandou a Segurança Pública do estado durante quatro anos na gestão de Tarso
Genro (PT).
Logo após a morte de
Xandi, o ex-secretário havia defendido o ex-funcionário. "Acho muito
difícil, quase improvável, que ele tenha envolvimento com quadrilha de tráfico
de drogas. Mas é verdade que, claro que não comigo, ele buscava recursos
fazendo segurança privada", disse na época.
O crime
O tiroteio ocorreu por
volta das 14h na casa localizada na Rua 3 de Outubro. Segundo a Brigada
Militar, quatro homens chegaram ao local em um Corsa vermelho. Dois deles
desceram e atiraram contra a residência. Foram feitos vários disparos de fuzil
e de pistola 9 mm.
Xandi, que estava à beira
da piscina, foi atingido na cabeça e morreu no local. Outro homem, que seria
sobrinho do policial, foi atingido nas costas. Ele foi socorrido e transferido
para o Hospital de Pronto Socorro da capital, onde foi internado em estado
grave. Uma mulher levou um tiro de raspão na barriga.
A casa alugada pelos
criminosos fica a uma quadra do mar, perto da plataforma, em um dos pontos mais
movimentados de Tramandaí. Segundo a polícia, a quadrilha chegou ao local em 26
de dezembro e voltaria para Porto Alegre na tarde de domingo (5). A diária paga
por eles pelo aluguel da casa foi de R$ 1,2 mil.
Na residência, foram
apreendidas cinco pistolas, seis carregadores de 31 tiros, outras 200 munições,
uma grande quantia em dinheiro e quatro veículos (entre eles uma caminhonete de
luxo), além de joias e uma quantidade de drogas.
Fonte: G1 RS
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