Clarissa Thomé - O Estado
de S. Paulo
RIO - O Tribunal de
Justiça do Rio vai abrir sindicância para apurar a discussão entre um juiz e um
desembargador, na manhã desta quarta-feira,(04). Testemunhas disseram que o
juiz chegou a sacar a arma e apontá-la para o desembargador. O juiz nega.
A confusão ocorreu entre o
juiz João Batista Damasceno, de 52 anos, da 1ª Vara de Órfãos e Sucessões, e o
desembargador Valmir de Oliveira Silva, de 69 anos. Eles iniciaram uma
discussão no consultório médico do fórum. Damasceno, então, desceu as escadas,
se escondeu numa sala do serviço de limpeza, no térreo, e passou a filmar a
discussão com seu celular.
Nas imagens, divulgadas
pelo jornal O Globo, o juiz afirma que o desembargador ameaçou
"estourar" sua cabeça. E diz que vai "solicitar legítima defesa,
se for preciso". O desembargador, ex-corregedor do TJ, aparece tentando
entrar repetidas vezes na sala e sendo contido por funcionários. "Você não
é homem", diz para Damasceno. Obrigado a deixar o local, Silva indaga:
"eu vou ter medo de arma dele?". O desembargador volta, exige que o
juiz entregue o celular com a filmagem e diz: "Eu vou no seu gabinete
daqui a pouco. Quero ver você puxar essa porra aí". Não é possível ver
arma alguma nas imagens.
Silva e Damasceno já
haviam se desentendido em 2013, quando o juiz pendurou em seu gabinete um
quadro do cartunista Carlos Latuff. Na charge, um homem fardado como policial
atira na direção de um homem negro crucificado. Damasceno defendeu, na ocasião,
a desmilitarização da PM. A pedido do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP),
o quadro foi retirado do gabinete. O então corregedor representou contra o
juiz, que foi absolvido. O quadro acabou leiloado e o valor doado à família do
pedreiro Amarildo de Souza, morto por policiais da Unidade de Polícia
Pacificadora da Rocinha.
Damasceno e Silva não
foram encontrados pelo Estado. Ao jornal O Globo, o juiz negou ter sacado a
arma e se diz perseguido por Silva. Ele fez uma representação contra o
desembargador. Silva disse que também vai entrar com uma representação contra o
juiz.
Fonte:
Estadão
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