Uma briga entre a Polícia
Militar (PMPE) e a Polícia Civil de Pernambuco, por atribuição funcional, acaba
de chegar à Assembléia Legislativa, a partir de projeto de lei encaminhado pelo
governador Paulo Câmara (PSB), regulamentando o artigo 5º da Constituição
Estadual. A proposta do governo passou na Comissão de Constituição, Legislação
e Justiça (CCLJ) e vai agora a outras comissões, antes de seguir ao plenário da
Alepe, e revela um conflito entre as duas Polícias, em razão do artigo 1º do
projeto, que estabelece como “privativa” dos delegados a tarefa de abrir Termos
Circunstanciais de Ocorrência (TCOs). Contra a medida, o presidente da Alepe,
Guilherme Uchoa (PDT), apresentou, nesta quarta-feira (16), emenda supressiva
para derrubar o artigo.
Os delegados de polícia
acusam a PMPE de tentativa de invasão da atribuição funcional – estabelecida no
Código de Processo Penal, na Constituição Federal e em decisão do Supremo
Tribunal Federal (STF) ao julgar Ação de Inconstitucionalidade (Adin)
interposta pelo governo do Amazonas – ao querer ter a atribuição para lavrar
TCO. O projeto de Paulo Câmara é resultado de um acordo com a Associação dos
Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe), que aceitaram não ter reajuste
este ano, mas em troca a categoria pediu uma compensação do Estado: “manter
privativa dos delegados de polícia a abertura de TCO”.
A polêmica reside
exclusivamente no artigo 1º do projeto de lei que estabelece:
“Cabe
privativamente ao Delegado de Polícia, autoridade policial estadual, lavrar
procedimentos flagranciais, inclusive termos circunstanciados de ocorrência, e
presidir a apuração de infrações penais, por meio de inquérito policial ou
outro procedimento previsto em lei, observadas as disposições do art. 144 da
Constituição Federal e do art. 103 da Constituição do Estado”.
Diante do projeto
encaminhado por Paulo Câmara, oficiais da PMPE percorreram, terça-feira (15),
os gabinetes dos deputados da Alepe fazendo lobby para derrubar o artigo 1º e
já contam com o apoio de Guilherme Uchoa. Nesta quarta-feira (16), delegados
foram à Assembléia conversar com Uchoa e com os deputados para pedir a
aprovação do projeto de lei na sua integralidade. O conflito entre as Polícias
Civil e Militar está agora nas mãos da Assembléia.
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