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Renan Calheiros (centro) entre a presidente Dilma e o vice Michel Temer |
Aprovado na Câmara dos
Deputados, o pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT) segue agora para o
Senado Federal. É lá que será decidido se o processo de afastamento da
presidente será realmente aberto e, mais importante, se ela perderá mandato
presidencial conquistado na eleição de 2014.
É no Senado também que o
governo Dilma terá a chance de reverter a derrota mais importante já imposta a
ele pela Câmara. A missão é difícil, mas o histórico mostra que é possível que
senadores ajam contra deputados e a favor da presidente até mesmo sobre os
assuntos mais polêmicos.
Desde que Dilma iniciou
seu segundo mandato na Presidência, senadores já contrariaram deputados e
colocaram-se ao lado do governo ao menos seis vezes. Em todos esses casos, a
Câmara, presidida por Eduardo Cunha (PMDB), votou projetos de lei contra a orientação
do Palácio do Planalto. Já o Senado, presidido por Renan Calheiros (PMDB),
reformou esses projetos em favor da presidente ou agiu para minimizar eventuais
prejuízos ao governo. Confira:
Redução
da maioridade penal: a Câmara aprovou em agosto do ano passado
a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que reduz a maioridade penal de 18
para 16 anos nos casos de crimes hediondos, como estupro, e para homicídio
doloso e lesão corporal seguida de morte. A aprovação aconteceu após manobra de
Cunha e à revelia do governo. A PEC seguiu para o Senado. Lá, acabou
"engavetada". Renan diz ser contra a redução.
Financiamento
privado de campanhas eleitorais: a Câmara manifestou-se
mais de uma vez em favor do direito de empresas financiarem campanhas
eleitorais no país. Em maio, deputados rejeitaram uma proposta que proibia as
doações. Depois, aprovaram um projeto garantindo o direito às contribuições
privadas. A proposta foi ao Senado, que votou contra. De volta à Câmara, o
projeto foi novamente modificado para autorizar as contribuições de empresas.
Dilma vetou a proposta. Os vetos foram analisados pelo Congresso Nacional e
prevaleceu a posição do Senado e do governo, que proíbe as doações.
Reajuste
de dívidas de Estados e municípios: Em abril de 2015,
enquanto o governo federal tentava reequilibrar suas contas com um ajuste
fiscal, a Câmara do Deputados aprovou um projeto de lei que revia os índices de
correção de dívidas de Estados e municípios com a União. Na prática, a medida
reduzia correções monetárias e comprometia a arrecadação federal, o que
desagradava o governo. O projeto seguiu para o Senado. O então ministro da
Fazenda Joaquim Levy negociou com senadores e incluiu na proposta um prazo para
que o governo pudesse se adaptar à mudança. A alteração nos índices passou a
vigorar apenas em janeiro deste ano.
Reajuste
de salários de servidores do MP: Ainda durante as
discussões do ajuste fiscal, a Câmara aprovou um projeto de lei que concedia
reajustes salariais de até 59% aos servidores do MPF (Ministério Público
Federal). O governo era contra o aumento. Quando a proposta foi ao Senado, ele
agiu para que o índice de reajuste fosse revisto. O aumento salarial médio caiu
para 41%, e seu pagamento ainda passou a ser parcelado até 2019.
Maior
correção para o FGTS: Outro projeto de lei que desagradava o
governo e que acabou aprovado pela Câmara dos Deputados foi o que aumentava o
índice de correção do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de
trabalhadores. Hoje, o saldo das contas é corrigido em cerca de 3% ao ano. A
Câmara determinou que a correção fosse de cerca de 6% ao ano, ou seja, igual à
poupança. Para o governo, a mudança poderia inviabilizar programas como o Minha
Casa, Minha Vida. Por isso, ele agiu para que a proposta não avançasse no
Senado. O projeto está parado há mais de seis meses.
Projeto
sobre a terceirização do trabalho: A Câmara também aprovou
no ano passado um projeto que visa a estabelecer regras mais claras para a
terceirização do trabalho em empresas. Sindicatos e movimentos sociais são
historicamente contrários à medida e têm o apoio do governo federal nessa
questão. Após aprovação pelos deputados, o projeto foi enviado ao Senado e não
avançou.
Fonte:
noticias.uol.com.br
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