Os executivos e
ex-executivos da empreiteira Odebrecht afirmaram, em depoimentos de delação
premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato, que a empresa repassou R$ 37
milhões em doações irregulares, o chamado caixa 2, para a campanha presidencial
de 2014.
De acordo com levantamento
feito pela Agência Brasil a partir dos depoimentos de cinco delatores, as campanhas
eleitorais presidenciais do PT, do PSDB e do PSC, em 2014, tiveram R$ 24
milhões, R$ 7 milhões e R$ 6 milhões, respectivamente, em repasses ilícitos.
Parte das doações irregulares era feita em espécie e repassada em mochilas
durante encontros entre mediadores da empresa e dos partidos.
Os valores foram
detalhados pelos ex-executivos da companhia, que tiveram os depoimentos
homologados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no início deste ano. Na semana
passada, com base nas delações premiadas, o ministro Edson Fachin, relator da
Lava Jato no STF, determinou a abertura de inquéritos para investigar os
políticos com foro privilegiado na Corte citados nos depoimentos.
Responsável pelas maiores
negociações, o ex-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, conta que, após
acertar os valores com partidos e candidatos que receberiam apoio, as doações
eram operacionalizadas entre seus subordinados e representantes dos candidatos.
De acordo com ele, como havia um limite para doação oficial, a Odebrecht sempre
recorria ao caixa 2 para concretizar os repasses acertados previamente.
Os repasses para campanha
de Aécio Neves à Presidência também envolveram valores direcionados a outros
partidos, além do PSDB. Os delatores afirmaram que Marcelo Odebrecht havia
combinado com o tucano uma doação de R$ 15 milhões, que acabou não ocorrendo
porque, de acordo com ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Júnior,
“eles não queriam receber o pagamento lá fora”. O ex-executivo da empresa
descreve que R$ 3 milhões foram pagos em várias parcelas de R$ 250 mil, entre
maio e setembro de 2014; e que outros R$ 3 milhões, em três parcelas de R$ 1
milhão, também no mês de setembro.
Então vice-presidente de
Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, disse que outro R$ 1
milhão foi repassado ao DEM, partido que apoiou o PSDB nas eleições de 2014. De
acordo com Marcelo Odebrecht, outros valores chegaram a ser repassados ainda na
época da pré-campanha.
“A partir daí, dentro da
nossa lógica empresarial, de que campanha presidencial era comigo, eu comecei a
definir os valores de pagamento. Eram R$ 500 mil por mês por dez meses
pré-campanha e que foram operacionalizados antes da abertura do comitê dele.
Esse foi o valor que eu acertei com o Aécio. Depois fizemos uma doação oficial,
de R$ 5 milhões, mais ou menos o mesmo valor que a gente deu para a Dilma”,
disse Marcelo Odebrecht aos investigadores.
Já a campanha de Pastor
Everaldo (PSC) teve R$ 6 milhões em caixa 2, conforme os delatores. Nesse caso,
o valor combinado era menor, de R$ 1 milhão, mas o ex-presidente da Odebrecht
Ambiental, Fernando Reis, conta que mais repasses foram solicitados pelo candidato.
Segundo o delator, o
acerto envolvia também um pedido para que o candidato do PSC escolhesse Aécio
Neves para fazer perguntas durante os debates presidenciais veiculados pela TV.
“O procedimento insistente ocorreu várias vezes e terminamos pagando em torno
de R$ 6 milhões em entregas no período eleitoral de 2014, tendo como propósito
levar para os debates presidenciais a discussão da privatização. De fato, pude
notar que o Pastor defendeu com veemência o discurso pró-privado, chegando a
dizer que iria privatizar tudo o que fosse possível”, disse Reis em um de seus
depoimentos. Fonte: nilljunior.com.br
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