
Por G1
Ontem sábado (03/03/2018), foi ao ar durante o Jornal Nacional uma reportagem sobre a volta das chuvas ao Sertão nordestino após seis longos anos de estiagem.
Ontem sábado (03/03/2018), foi ao ar durante o Jornal Nacional uma reportagem sobre a volta das chuvas ao Sertão nordestino após seis longos anos de estiagem.
A repórter Beatriz Castro, esteve na região de Seridó da Paraíba, onde conversou com agricultores que
comemoram a volta das chuvas e correm pra plantar.
A repórter também esteve
em Afogados da Ingazeira, onde contou a história de seu Reginaldo, que aprendeu
a usar as tecnologias para armazenar a água, o que lhe permitiu passar por esse
período de estiagem sem grandes sofrimentos.
A reportagem conversou
também com Afonso Cavalcanti, coordenador da ONG Diaconia, que falou sobre a
importância do agricultor investir nas tecnologias sustentáveis de convivência
com o semiárido, para captar e armazenar água e com a agricultora Nelci
Martins, que falou sobre a persistência e o espirito guerreiro do sertanejo.
Leia abaixo a reportagem na íntegra, ou se preferir clique aqui e assista.
Moradores do sertão
nordestino comemoram a volta da chuva depois de seis anos seguidos de seca – a
maior estiagem da história na região.
Céu cinzento, carregado de
nuvens na região de Seridó da Paraíba. É prenúncio de chuva. Para quem vive no sertão, não tem imagem mais
bonita nem dia mais esperado.
“A gente fica muito feliz
porque a gente vê aquelas nuvens que vem tudo escura, a gente já fica com
aquela alegria, com aquele brilho nos olhos, porque a gente já está vendo a
chuva chegar, cair aqui na nossa terra, na nossa comunidade e é o que a gente espera
e vê. São essas nuvens lindas que Deus manda pra gente em água”, afirma a agricultora
Francisca Oliveira.
E quando a chuva cai, a
natureza responde depressa. O verde tinge a paisagem. Folhas começam a brotar
nos galhos secos. Rios que tinham
evaporado voltam a correr. Açudes
acumulam água. E, como por encanto, o cenário se enche de vida.
O sertanejo corre para
aproveitar a terra molhada.
“Choveu, plantou”.
No campo, o barulho das
ferramentas e do carro de boi mostram que a jornada dos sertanejos é acelerada.
É o primeiro ano em que os
bois Garoto e Bem Feito puxam o arado comandados pelo seu Aloísio.
“A gente quando tem um boi
desse jeito é bom demais. Ajuda muito. É porque tem um momento que a gente se
emociona”, diz chorando Aloísio Braz de Souza.
A longa convivência com a
seca não trouxe só sofrimento não. A experiência produziu conhecimento,
sabedoria. E os sertanejos aprenderam que é preciso se preparar para os tempos
mais difíceis de escassez. E é justamente no período chuvoso, de fartura, que
eles têm que entrar em ação para assegurar o futuro.
Seu Reginaldo aprendeu a
usar as tecnologias para armazenar e fazer a água render. O sítio dele, em
Afogados da Ingazeira, no sertão de Pernambuco, parece um oásis com toda aridez
ao redor. Mesmo na seca mais severa, não faltou comida para os animais.
Ele soube aproveitar a
natureza para guardar água em quatro tanques de pedra. Também construiu uma
cisterna para casa e outra para o plantio e perfurou um cacimbão, uma espécie
de cisterna profunda que não deixou faltar água para seis famílias vizinhas.
E com o sítio produzindo,
Reginaldo não precisou mais ir para São Paulo trabalhar como pedreiro e
zelador.
“Ir embora para São Paulo
nunca mais. Graças a Deus, não. Posso sonhar um dia ir a passeio. O sertão com
chuva e verde é rico, é rico, graças a Deus só tem alegria. Quando você vê a
natureza e esses tanques de pedra tudo cheio, cisternas e tudo, nós só tem a
agradecer”, diz Reginaldo Batista da Silva.
“Para aquele agricultor
que se preparou, que investiu nas tecnologias sustentáveis de convivência com o
semiárido, esses ficam mais felizes ainda porque veem essas tecnologias
captando água, armazenando água no solo, as plantas se reproduzindo, produzindo
forragem para os animais então, principalmente para essas famílias, as chuvas
são o resultado bem melhor do que para as outras que não se prepararam”, afirma
Afonso Cavalcanti, coordenador da ONG Diaconia.
Quando chove, a esperança
renasce para todos e o sertão se transforma no paraíso para a toda essa gente
persistente.
“A gente não desiste não.
Se morre um pé, a gente planta dois, três, porque a gente quer ter uma
qualidade de vida. A gente não tem emprego. O emprego daqui é a gente cuidar
dos animais, das plantações, plantar milho e feijão, e assim a gente vai
vivendo”, diz a agricultora Nelci Martins.
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