Por
Andréia Sadi
Polícia Federal prendeu na
ultima quinta-feira (29) em São Paulo dois amigos do presidente Michel Temer
– o advogado José Yunes, ex-assessor especial da Presidência da República, e
João Batista Lima Filho, ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo.
Os dois foram presos a
pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, no âmbito da Operação
Skala, deflagrada ontem quinta pela PF em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Além deles foram presos na
mesma operação: em Monte Alegre do Sul (SP), o empresário Antônio Celso Greco,
dono da empresa Rodrimar, que opera no porto de Santos; em Ribeirão Preto, o
ex-ministro da Agricultura e ex-deputado federal Wagner Rossi, que em 1999 e
2000 foi diretor-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo, estatal
administradora do porto de Santos; em Americana (SP), Milton Ortolan, auxiliar
de Rossi; e, no Rio de Janeiro, Celina Torrealba, uma das donas do grupo Libra,
segundo informou o jornal "O Globo".
PRESOS NA OPERAÇÃO DA PF
José Yunes, advogado,
amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer
Antônio Celso Grecco,
empresário, dono da empresa Rodrimar
João Batista Lima,
ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo e amigo de Temer
Wagner Rossi, ex-deputado,
ex-ministro e ex-presidente da estatal Codesp
Milton Ortolan, auxiliar
de Wagner Rossi
Celina Torrealba, uma das
donas do Grupo Libra
Eduardo Luiz de Brito
Neves, proprietário da MHA Engenharia
Maria Eloisa Adensohn
Brito Neves, sócia nas empresas MHA Engenharia e Argeplan
Carlos Alberto Costa,
sócio fundador da Argeplan e ex-sócio da AF Consult Brasil
Carlos Alberto Costa
Filho, sócio da AF Consult Brasil
Há outros três mandados de
prisão contra sócios do Grupo Libra (Rodrigo Borges Torrealba, Ana Carolina
Borges Torrealba Affonso e Gonçalo Borges Torrealba) que não foram cumpridos,
pois os três estão no exterior.
Na Rodrimar, houve
cumprimento de mandados de busca e apreensão em unidades da empresa, segundo
informou a assessoria da empresa.
A Operação Skala foi
autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal
(STF), relator do inquérito que investiga se Temer, por meio de decreto,
beneficiou empresas do setor portuário em troca de suposto recebimento de
propina.
Yunes
Segundo o advogado José Luís
de Oliveira Lima, que defende Yunes, trata-se de uma prisão temporária de cinco
dias.
"É
inaceitável a prisão de um advogado com mais de 50 anos de advocacia, que
sempre que intimado ou mesmo espontaneamente compareceu a todos os atos para
colaborar. Essa prisão ilegal é uma violência contra José Yunes e contra a
cidadania", afirmou Oliveira Lima.
Em 30 de novembro do ano
passado, Yunes prestou depoimento à Polícia Federal, no inquérito dos portos.
Na ocasião, ele relatou uma operação de venda de imóvel para o presidente
Michel Temer. No mesmo inquérito, o ministro Luís Roberto Barroso autorizou em
março a quebra do sigilo bancário de Temer.
Yunes é apontado pelo
operador financeiro Lúcio Funaro, delator da Operação Lava Jato, como um dos
responsáveis por administrar propinas supostamente pagas ao presidente. De
acordo com Funaro, para lavar o dinheiro e disfarçar a origem, Yunes investia
valores ilícitos em sua incorporadora imobiliária.
Em dezembro de 2016, Yunes
pediu demissão do cargo de assessor especial da Presidência da República para,
segundo afirmou, preservar a dignidade. Na carta de demissão a Temer, ele
afirmou que viu seu nome "jogado no lamaçal de uma abjeta delação".
"Repilo com força de minha indignação essa ignominiosa versão",
afirmou Yunes na carta.
Outros presos
A defesa de Wagner Rossi
divulgou a seguinte nota:
"Wagner Rossi aposentou-se há sete anos. Desde
então, nunca mais atuou profissionalmente na vida pública ou privada. Também
nunca mais participou de campanhas eleitorais ou teve relacionamentos
políticos. Mora em Ribeirão Preto onde pode ser facilmente encontrado para
qualquer tipo de esclarecimento. Nunca foi chamado a depor no caso mencionado.
Portanto, são abusivas as medidas tomadas. Apesar disso, Wagner Rossi está seguro
de que provará sua inocência".
Em nota, a Rodrimar
afirmou que “nunca pagou propina a nenhum agente público e nunca autorizou que
alguém o fizesse em seu nome”. A defesa de Antônio Celso Grecco somente
confirmou a detenção do empresário e as buscas em empresas do grupo, em Santos.
O Grupo Libra informou por
meio de nota: "O Grupo Libra informa que já está prestando todos os
esclarecimentos à Justiça, e que uma de suas acionistas já depôs à Polícia
Federal. Maiores informações serão dadas após integral acesso aos documentos da
investigação, o que, até o momento, não foi disponibilizado aos advogados da
empresa."
Cristiano Benzota,
advogado de João Batista Lima Filho, disse que a situação de saúde do coronel
é "muito delicada". "Ele teve dois AVCs (acidente vascular
cerebral) e câncer. Em dezembro, teve que retirar um rim e, por conta disso,
toma um medicamento que agrava o risco de AVC", disse o advogado.
Segundo
o advogado, Lima Filho é inocente e "não tem nenhuma participação nos
fatos citados no inquérito". Benzota afirmou que é do interesse do coronel
"esclarecer tudo" mas que é necessário "evitar estresse" e
que, por isso, a defesa tentou, em mais de uma ocasião, que ele prestasse
depoimentos por escrito - o que foi negado pela Polícia Federal.
A defesa de Milton Ortolan
divulgou a seguinte nota: "Por mais de 40 anos, Milton Ortolan exerceu
cargos públicos, sem jamais responder a qualquer ação penal. Sua prisão é
absolutamente desnecessária e desprovida de suporte fático, tendo em vista que
deixou o cargo que ocupava na CODESP ainda no ano de 2008, ou seja, quase dez
anos antes da edição do Decreto dos Portos atualmente investigado pelas
Autoridades".
A reportagem não conseguiu
contato com as defesas de Eduardo Luiz De Brito Neves, Maria Eloisa Adenshon
Brito Neves, Celina Borges Torrealba Cápri, Rodrigo Borges Torrealba, Ana
Carolina Torrealba Afonso e Gonçalo Borges Torrealba. Fonte:
G1
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