Publicado
às 05h20 deste domingo (9)
Do
G1 Ceará
A mãe de Francisca Edneide
da Cruz Santos, de 49 anos, uma das seis reféns mortas durante uma tentativa de
roubo a duas agências bancárias no município de Milagres, no Sul do Ceará,
afirmou que viu a filha morrer nos seus braços.
Ela afirmou que foi
mantida refém pelos suspeitos dentro do carro junto com a família e que o
disparo que matou Edneide partiu do lado policial durante o tiroteio com os
bandidos.
A Secretaria da Segurança
Pública do Ceará afirmou que oito pessoas foram presas, mas não comentou sobre
a ação policial que terminou com a morte dos reféns.
No total, 14 pessoas
morreram, sendo seis reféns e oito são suspeitos de participação da quadrilha.
A tentativa de roubo aconteceu na madrugada de sexta-feira, no Centro de
Milagres.
De acordo com a Secretaria
de Segurança, cinco criminosos foram baleados nas proximidades das agências e
morreram. Outros dois suspeitos morreram no hospital e um oitavo envolvido
durante confronto com policiais na cidade de Barro.
A outra refém morta foi
Edneide da Cruz, que foi atingida dentro do carro em que estava junto com a mãe
e os criminosos. A mãe da vítima relatou que o filho dela e um dos bandidos
afirmaram que o tiro que vitimou Edneide partiu da polícia.
“Fiquei
com a minha filha dentro do carro já morrendo, com o sangue fervendo na goela,
e eu pedindo socorro, gritando, mas não apareceu ninguém. Quando meu menino se
deitou no chão que a polícia começou a chegar nele, ele disse ‘Vocês mataram
minha irmã!’, e o policial fez assim ”, disse agricultora Maria Larilda
Rodrigues, replicando o gesto do agente de segurança com as mãos na cabeça.
Três
horas por ajuda
A agricultora disse que
Edneide morava em São Paulo e aproveitou uma licença do trabalho para vir ao
Ceará e passar dois meses com os pais.
A família foi feita refém
pelos bandidos após retornar do aeroporto.
“Fomos
buscar ela no aeroporto, e no caminho de volta, perto de Brejo Santo, a gente
viu um caminhão atravessado na estrada, com um carro de cada lado da pista, e
um movimento daqueles moços mascarados. Aí pensei ‘Senhor, tá tendo um assalto,
tem misericórdia!”, relembra a agricultora.
Segundo Maria Larilda, os
suspeitos pararam o carro, renderam e separaram os quatro membros da família-
pai, mãe e dois filhos- em dois veículos diferentes.
A agricultora seguiu com a
filha e dois homens em uma caminhonete, enquanto o marido e o filho ficaram no
automóvel pertencente ao grupo de assaltantes.
Os dois os carros seguiram
em direção à agência do Banco do Brasil de Milagres. De acordo com Larilda, os
suspeitos tentavam tranquilizar a família, dizendo que “não queriam celular, dinheiro nem carro, nem maltratar”, apenas as
levariam “numa missão”.
“Os
bandidos voltaram com a gente, já perto da pista, e começou o tiroteio. Senti
arder, tinha farelo de pólvora, mas não vi que tinha pegado tiro na minha
filha. Aí o bandido que estava do lado dela disse: ‘(A polícia) Quebrou minhas
pernas e matou a mulher!’ Olhei pra ela e vi o sangue descendo, o cabelo no
rosto”, relatou a mulher.
De acordo com Larilda,
após o tiroteio, os suspeitos correram para um matagal, e o bandido que fez a
filha de escudo pediu ajuda aos demais, que não voltaram para buscá-lo. Ela
conta ainda que passou mais de três horas pedindo ajuda para a filha na beira
da estrada.
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