Da
Folha de São Paulo, por Daniela Lima
“Não
há nada a comemorar neste dia. Só rezar pelos mortos e manter a certeza de que
resistiremos ao autoritarismo para construir uma nação sem ódios, mágoas e
perseguições.” As palavras são de Dilma Rousseff, presa e torturada pela
ditadura iniciada em 1964. Afastada do poder em 2016, ela vê “tempos sombrios”
no chamado de Jair Bolsonaro às “comemorações devidas”deste 31 de março. “Os
elogios descarados do presidente ao golpe mostram que estamos distantes da
pacificação.”
Em mensagem enviada ao
Painel, Dilma descreve o ano de 1964 como uma “ferida aberta na história do país”. “São tempos que evocam prisão, tortura, morte e exílio. (…) É duro ver
que após a incansável luta pela democracia, pagamos com dor e sacrifício para
assistir agora uma comemoração do golpe forjada pelo chefe de Estado.” A
íntegra do texto da petista está disponível no fim desta página.
“Todos
sabemos que brasileiros e brasileiras foram assassinados e estão
‘desaparecidos’ até hoje. Amigos e familiares guardam a dor da ausência de
filhos e pais. Na Comissão da Verdade, eu disse que a ignorância sobre a
história não pacifica. Ao contrário. A desinformação apenas facilita o trânsito
da intolerância.”
Dilma foi presa aos 22
anos, acusada de integrar uma organização que fazia luta armada contra o
regime. Ela ficou encarcerada por mais de três anos e, nas poucas ocasiões em que
falou sobre o assunto, relatou sessões brutais de tortura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário