Foto: Divulgação/Facebook
Por: Carlos Veras /
Deputado Federal (PT-PE)
O governo Bolsonaro mais
uma vez coloca o Brasil a perder com sua política a serviço das grandes
corporações nacionais e internacionais. A mais recente delas é a privatização
dos aeroportos brasileiros. Ironicamente, a venda do bloco Nordeste foi feita para
a estatal espanhola Aena.
O mais curioso é o que
justificaria a privatização das empresas públicas nesta gestão é a suposta
ineficiência e o prejuízo causado por elas aos cofres públicos.
Contudo, não é o caso do
Aeroporto Internacional do Recife – Gilberto Freyre, que é superavitário em R$
130 milhões e o mais movimentado do Norte e Nordeste, com capacidade para 16
milhões de passageiras e passageiros ao ano e um dos dez melhores do mundo em
serviços e segurança operacional. Isto é, uma empresa brasileira eficiente vai
deixar gerar frutos para a nação brasileira e passará a fazê-lo para o governo
espanhol.
A decisão irresponsável do
governo Bolsonaro contraria os estudos de viabilidade do negócio, ignora a
posição do povo pernambucano ao qual não foi feita nenhuma consulta, bem como
negligencia a visão do governo de Pernambuco sobre o seu então patrimônio, alvo
de muitos investimentos e fonte de trabalho e renda para o Estado.
Além do Estado de
Pernambuco perder receitas advindas do Aeroporto de Recife e de dezenas de
empresas que giram em torno dele para investir em políticas públicas de saúde,
educação, infraestrutura etc, a medida ameaça o trabalho e a renda de milhares
de trabalhadoras e trabalhadores do setor privado e de servidoras e servidores públicos
federais inseguros sobre sua sobrevivência e seu futuro profissional. E mais: a
privatização aumenta a carga de impostos para a empresa e o custo para as
companhias e quem paga essa conta é a população por meio do aumento de preço
das passagens aéreas, taxas de serviço etc.
Some-se tudo isso ao
prejuízo da operação de privatização, com investimento insuficiente para a
sustentabilidade do terminal recifense, que receberá o valor previsto de apenas
R$ 865,2 milhões ao longo dos 30 anos de concessão. Esse montante sequer
resolve o principal problema, que é a construção de uma segunda pista, cuja
capacidade de receber novos voos se esgotará em, no máximo, 15 anos.
O caso do Aeroporto do
Recife é emblemático do modelo de privatização adotado pelo governo Bolsonaro:
vender setores estratégicos do patrimônio físico e científico brasileiro ao
capital nacional e internacional, sem levar em conta o interesse público e
colocando em risco a autonomia econômica e a segurança nacional.
É necessário que a população
brasileira compreenda que as privatizações das empresas públicas impactam
diretamente em suas vidas, seja no valor e no acesso aos bens e serviços, seja
na garantia de empregos dignos, seja para o usufruto de políticas públicas
fundamentais à vida. Por tudo isso, precisamos ocupar as ruas, os fóruns de
debates dos poderes de Estado e as redes sociais, fortalecendo assim a luta em
defesa das empresas estatais porque se é público é para servir a todas e todas.
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