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sexta-feira, 24 de maio de 2019

Barão de Cocais: apreensão à espera de uma barragem que pode romper

Em uma das principais ruas de de Barão de Cocais, placas e calçadas pintadas de laranja marcam rota por onde os moradores devem fugir em caso de rompimento da barragem Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo


As últimas 48 horas acentuaram as divergências entre os 30 mil moradores de Barão de Cocais, município de Minas Gerais próximo à mina de Gongo Soco, da Vale, onde um paredão deve ceder até sábado.

Há 15% de chances para que o acidente leve ao rompimento da barragem Sul Superior, no mesmo complexo.

Desde fevereiro, o alerta perdeu a credibilidade quando a barragem apresentou problemas pela primeira vez e nada mais grave aconteceu.

A indecisão é praticamente silenciosa, uma vez que as ruas da cidade estão quase vazias.

A ausência de pessoas se justifica pela cor laranja nos meios-fios, indicação para os locais em que a mancha de lama com rejeitos de minério pode chegar.

A intenção da Vale é que esse impacto seja diminuído com novas barreiras de contenção.

Elas tomam forma há pelo menos dois meses pelas mãos de dezenas de engenheiros e operários contratados pela mineradora, principal clientela do comércio regional atualmente.

Bancos fechados

Nas lojas, há balcões vazios à espera de clientes enquanto os donos estão parados nas portas, observando a pouca movimentação nas ruas.

Duas agências bancárias não funcionaram na quarta-feira, nem os Correios receberam encomendas.

Ao mesmo tempo, uma escola estadual e outra particular abrigaram normalmente centenas de alunos.

Mesmo caso da Igreja de Nossa Senhora Aparecida, que estava aberta aos fiéis.

A verdade é que não sabemos o que vai acontecer. Deito para dormir, mas logo acordo.

Não tenho mais onde colocar os meus “trens”.

Mando as roupas para a casa da minha filha, que não corre risco, mas fico sem ter como usá-las.

E não tenho pique para correr até a rota de fuga sozinha, conta a aposentada Glória Gomes de Sena, de 80 anos, cuja calçada foi tingida de laranja e o guarda-roupas está vazio diante de malas cheias, prontas para deixarem a casa.

A menos de cem metros, planos diferentes habitam outro imóvel de calçada colorida.

Ana Diniz Coelho, de 77 anos, soube apenas pela reportagem que está numa área de risco oficialmente sinalizada e, mesmo assim, não pretende deixar sua casa se ouvir sinais de alerta.

A única chance de abandonar o local, segundo ela, é se a onda de rejeitos bater à porta.

O motivo para a resistência é a descrença no que é informado pela Vale.

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