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quarta-feira, 8 de maio de 2019

GOVERNO ASSINA DECRETO QUE PERMITE A COLECIONADORES E ATIRADORES TRANSPORTAR ARMA CARREGADA



Por Jornal Nacional

O governo federal assinou nesta terça-feira (7) um decreto que, entre outras coisas, permite a atiradores, caçadores e colecionadores transportar armas carregadas de munição.

As mudanças foram amplas. O decreto que o presidente Jair Bolsonaro assinou muda às normas sobre registro, posse e venda de armas de fogo não para colecionadores e atiradores desportivos e também prevê que a regra de posse de arma registrada permita que o dono carregue a arma por toda a área do imóvel onde mora, no campo ou na cidade. Isso é relevante principalmente nas propriedades rurais.

O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que é uma mudança no direito de defesa da família.

“Agora, na frente da porta da nossa casa, nós vamos poder colocar: ‘Aqui, esta casa tem dono, esta família merece respeito’. E quem cruzar a fronteira das nossas casas sabe que o cidadão e a cidadã de bem neste Brasil agora, graças à assinatura de vossa excelência, terá como proteger aqueles que ama, a sua integridade e a sua vida”, disse Onyx.

O decreto também permite que a pessoa compre uma quantidade maior de munição. Hoje são 50 cartuchos por ano. Serão cinco mil munições por ano para quem tem arma de uso permitido e mil para cada arma de uso restrito como as usadas pelas Forças Armadas.

O governo também quer ampliar a importação de armas e munições, retirando a exigência que existe hoje de o estado dar preferência a indústria nacional nas compras.

Na solenidade, o presidente Jair Bolsonaro disse que está respeitando a vontade da maioria da população, que, segundo ele, foi contra os limites estabelecidos no estatuto do desarmamento e que não está desrespeitando leis.

“Nosso decreto não é um projeto de segurança pública. É, no nosso entendimento, algo até mais importante do que isso. É um direito individual daquele que porventura queira ter uma arma de fogo ou buscar posse de uma arma de fogo, seja um direito dele, obviamente respeitando e cumprindo alguns requisitos. Eu sempre disse nas minhas andanças pelo Brasil ao longo dos últimos quatro anos, isso é pessoal meu, que a segurança pública começa dentro de casa”.

O decreto também deixa claro que colecionadores, atiradores desportivos e caçadores poderão levar uma arma carregada quando estiverem se deslocando de casa ou do trabalho até o local de prática do esporte ou exposições para facilitar a defesa pessoal, o que entidades e alguns especialistas consideram perigoso.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública afirmou que “a medida é claramente uma tentativa de driblar o estatuto do desarmamento, e ignora estudos e evidências que demonstram a ineficiência de se armar civis para tentar coibir a violência em todos os níveis”.

O Instituto Sou da Paz afirmou que “há muito a ser feito para a diminuição da violência e criminalidade no Brasil e que insistir em medidas que facilitem a compra e a circulação em vias públicas de armas e em medidas que sobrecarregam as instituições públicas em prol do benefício de um pequeno grupo só irá piorar o grave cenário da segurança pública enfrentado pela população brasileira”.

Illona Szabó de Carvalho, diretora-executiva do Instituto Igarapé, alertou para o risco de mais armas e munições nas ruas.

“A nossa Constituição em lugar nenhum diz que a gente tem o direito a ter armas, diz que a gente tem o direito à segurança pública. E a gente sabe que, quanto mais armas em circulação, mais mortes por armas de fogo”.

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