O presidente Jair
Bolsonaro (PL) afirmou que sancionará o projeto que cria o piso salarial da
enfermagem. A declaração foi feita neste domingo (15) a jornalistas. “Pretendo
sancionar. Estou no aguardo da definição sobre qual será a fonte de recursos”,
disse o presidente.
A Câmara dos Deputados
aprovou o projeto em 4 de maio. Como o Senado já havia analisado a proposta,
falta agora só à sanção presidencial para que a medida entre em vigor. Contudo,
o Congresso ainda não definiu qual será a fonte de custeio para os gastos
provocados pelo novo piso.
O grupo de trabalho que
analisou o projeto na Câmara estima gasto anual de R$ 16,3 bilhões. A conta
inclui as despesas para o poder público (Estados, municípios e União) e a
iniciativa privada. Contudo, outras entidades – como o Ministério da Saúde–
estipulam custo superior. O governo federal calcula R$ 22 bilhões por ano para
manter o piso. O grosso do aumento de despesas seria para Estados, municípios e
iniciativa privada.
O projeto aprovado pelo
Legislativo estipula que os enfermeiros contratados pelo setor público e pelo
setor privado nas regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ganhem ao
menos R$ 4.750. Técnicos de enfermagem devem ganhar, no mínimo, R$ 3.325, e
auxiliares de enfermagem e parteiras, R$ 2.375.
A relatora do projeto na
Câmara, deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC), afirmou que o envio para a
sanção será retardado até a aprovação de uma PEC que viabilize tecnicamente o
projeto e seja encontrada uma fonte de financiamento. Esse é um arranjo
incomum. A praxe no Congresso é enviar propostas para sanção depois de
aprovadas. Mas não há prazo para isso ser feito.
Se a Câmara realmente retardar
o envio até haver uma fonte de recursos, poderá evitar um desgaste político de
Bolsonaro com os enfermeiros. Isso porque, tecnicamente, é necessário vetar
projetos que aumentam despesas sem dizer como serão bancadas.
Caso Bolsonaro sancione,
mesmo com indicação de origem de recursos, terá de lidar com um problema
econômico. As despesas do governo e, principalmente, de Estados e municípios –
além de hospitais da iniciativa privada – aumentarão.
A Associação Nacional de
Hospitais Privados é contra o projeto em seu formato atual. “Não existe ninguém
que seja contra o mérito da iniciativa. Mas boa parte dos hospitais não tem
lucros que permitam enfrentar essa despesa”, defendeu o diretor-executivo da
entidade, Antônio Britto.
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