Com 65 votos a favor e 12
contra, o Plenário do Senado aprovou o projeto que fixa teto de 17% do ICMS
sobre combustíveis, energia elétrica e serviços de telecomunicações e de transporte
público (PLP 18/2022).
A proposta prevê uma
compensação aos estados com o abatimento de dívidas com a União, quando a perda
de arrecadação passar de 5%. Os governos não endividados terão prioridade para
fazer empréstimos com o aval da União, e podem ter recursos adicionais em 2023.
Os senadores ainda analisam emendas destacadas para votação em separado.
O governo argumenta que a
mudança vai diminuir os preços dos combustíveis para o consumidor final e
ajudará no controle da inflação, ajudando a economia como um todo. Já os
críticos do PLP afirmam que não haverá redução significativa de preços nas
bombas, mas áreas como saúde e educação podem ser afetadas.
O relator Fernando Bezerra
Coelho (MDB-PE) complementou seu relatório analisando todas as 77 emendas
apresentadas por senadores. Ele acolheu quatro emendas de maneira integral e outras
nove emendas parcialmente.
Como o projeto considera
que combustíveis — assim como energia, transportes coletivos, gás natural e
comunicações — são bens essenciais e indispensáveis, os governos não poderão cobrar ICMS acima do
teto se o PLP virar lei.
Os governadores têm
demonstrado resistência à proposta, visto que o ICMS é a principal fonte de
arrecadação dos estados. Já os parlamentares de oposição consideram a medida eleitoreira, que pode
prejudicar os governos locais sem surtir o efeito desejado, que é baixar os
valores na bomba. A questão também é objeto de processo que tramita no Supremo
Tribunal Federal (STF).
O texto aprovado reduz a
zero as alíquotas de Cide-Combustíveis e PIS/Cofins incidentes sobre a gasolina
até 31 de dezembro de 2022. Atualmente, tais tributos federais já estão zerados
para diesel e gás de cozinha. O relator optou também por derrubar a zero a
PIS/Cofins incidente sobre álcool hidratado e sobre álcool anidro adicionado à
gasolina.
Nos cálculos apresentados
por Fernando Bezerra Coelho em plenário, as perdas arrecadatórias de estados e
municípios representarão pouco frente ao aumento das receitas dos últimos anos.
“Os estados poderão
comportar e dar a sua contribuição para que a gente possa reduzir o preço da
energia, o preço dos combustíveis, o preço das telecomunicações (… ) estados e
municípios podem, sim, suportar o impacto deste projeto” afirmou o relator.
Para Fernando Bezerra
Coelho seu relatório aperfeiçoou os mecanismos de compensação aos estados
previstos no projeto original, de autoria do deputado Danilo Forte (União-CE).
Líder do PL no Senado, o
senador Flávio Bolsonaro (RJ) defendeu a aprovação do projeto por entender que
haverá redução nos preços do frete e dos alimentos, além do alívio
inflacionário.
“É um passo importante e
corajoso a favor dos mais pobres que o Congresso Nacional dará, pois estamos
tratando os combustíveis como bens essenciais que são, conforme já o próprio
Poder Judiciário vem reiteradamente reconhecendo e formando um conceito majoritário”
disse Flávio Bolsonaro.
Também apoiaram a
aprovação do projeto os senadores Wellington Fagundes (PL-MT), Marcos Rogério
(PL-RO), Carlos Portinho (PL-RJ), Jorginho Mello (PL-SC), Zequinha Marinho
(PL-PA), Reguffe (União-DF), Lucas Barreto (PSD-AP), Angelo Coronel (PSD-BA),
Esperidião Amin (PP-SC), Fabio Garcia (União-MT) e outros.
Críticas – O senador
Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) criticou duramente o PLP. Ele disse que há 100
milhões de brasileiros que vivem em insegurança alimentar e que as mudanças vão
“subsidiar o combustível dos carros da classe média”.
“Enquanto uma criança
passa fome e tem o desenvolvimento mental dos seus neurônios comprometido pela
ausência de proteínas e de alimentação básica, é justo que se estabeleça uma
política pública de usar dinheiro público para financiar combustível de carro de
passeio? Eu jamais colocarei minha impressão digital sobre tamanho absurdo.
Isso não faz nenhum sentido!”, opinou Oriovisto.
A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) também foi contrária ao PLP. Ela disse que as alterações vão prejudicar os caixas dos estados e diminuir investimentos em saúde e educação. Ela acrescentou não haver garantias que o preço vai diminuir nos postos de combustível.
“Enquanto a Inglaterra está decidindo taxar os lucros das empresas petrolíferas, aqui nós estamos optando por retirar recursos da educação e da saúde dos estados e dos municípios para manter os lucros e os dividendos dos acionistas da Petrobras, que pagam zero de Imposto de Renda. Isso não se pode fazer!”, afirmou Zenaide.
Os senadores Jean Paul Prates (PT-RN), Alessandro Vieira (PSDB-SE) e Oriovisto Guimarães também disseram duvidar que o projeto vai conseguir diminuir o preço dos combustíveis nos postos. Eles chegaram a pedir o adiamento da votação, mas não obtiveram sucesso.
“A nossa posição como líder da minoria é de ceticismo absoluto em relação a esse projeto por saber que a solução não reside em, mais uma vez, atacar a tributação estadual e zerar impostos sobre combustíveis fósseis, sacrificando a capacidade de atendimento dos estados e municípios ao público”, afirmou Jean Paul Prates. As informações são da Agência Senado.
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