Para o presidente da
Anatel, João Rezende, nível mais adequado da telefonia ainda está longe do ideal.
Brasília. O presidente da Anatel, João Rezende, classificou
ontem como "insatisfatório" os resultados obtidos pelas empresas de
telefonia após a primeira fiscalização trimestral dos planos de melhoria da
qualidade. Em agosto, o órgão regulador chegou a proibir a venda de novos chips
durante 11 dias nos estados em que cada companhia liderava o índice de
reclamações dos consumidores. Rezende falou depois de participar de audiência
pública na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara.
A Anatel não detalhou dados sobre os nove indicadores com os
quais as empresas se comprometeram nos planos de melhoria da qualidade FOTO:
ALEX COSTA
O maior problema, segundo ele, tem sido o índice de acesso à
rede de dados, que está abaixo do estipulado pela Anatel. Para Rezende, ainda é
preciso maior empenho das companhias para melhorar os indicadores de qualidade
do serviço de dados, que ainda não atingiu o índice de 98% de eficiência. Nos
planos de voz, a taxa de 95% de ligações completadas foi atingida em outubro,
segundo ele.
Estrutura
"Precisamos urgentemente ampliar a estrutura de
atendimento tanto de sites quanto de redes de longa distância. Hoje a nossa
crise no sistema de celular não é derivada do serviço de voz, mas
principalmente do serviço de dados. Ele é que está dando o impulso no serviço
de telecomunicações e está ocasionando, em alguns momentos, excesso de ligações
nas redes, principalmente em horários de pico. Como são redes inteligentes,
elas acabam derrubando ligações", diz.
Melhorias
Segundo Rezende, o número de instalação de novas antenas
aumentou 13,8% nos últimos três meses em relação ao mesmo período de 2011, no
entanto, os índices de queda de chamada e de acesso a dados ainda não
conseguiram chegar perto das metas impostas pela Anatel. "O resultado
mostra que as empresas estão trabalhando, mas ainda estão muito longe do ideal.
Uma melhora definitiva vai depender do andamento dos investimentos e, enquanto isso,
por estarem fora dos padrões, as companhias continua sendo multadas
normalmente", disse.
Indicadores
O presidente da Anatel não detalhou dados sobre os nove
indicadores com os quais as empresas se comprometeram em seus planos de
melhoria da qualidade, que têm duração de dois anos. A Anatel havia prometido
divulgar, trimestralmente, a evolução desses dados. Procuradas pela reportagem,
as operadoras OI, Claro e TIM afirmaram que não comentarão as afirmações do
presidente da Agência Reguladora do setor. Em julho, a TIM ficou proibida de
vender novos chips no Ceará e em outros 18 estados. Na ocasião, a Claro ficou
impedida de vender linhas em seis estados, e a OI em três.
Para João Rezende, o acesso à rede de dados tem sido o pior
indicador até o momento FOTO: DIVULGAÇÃO.
Multa
O Procon de Porto Alegre multou as operadoras de telefonia
móvel Vivo, Claro, TIM e OI por não terem cumprido o acordo feito em julho para
a melhora do serviço Segundo o órgão de defesa do consumidor, Vivo, Claro e Oi
foram penalizadas em R$ 138,89 mil, e a TIM deverá pagar R$ 166,668 mil, por ser
a que menos comprovou investimentos de qualificação da transmissão do sinal aos
assinantes no prazo estipulado pelo Procon municipal.
Suspensão
Em julho deste ano, o órgão de defesa do consumidor suspendeu
a venda de novas linhas de celular e internet móvel pelas quatro operadoras que
atuam na capital gaúcha por uma semana, por não entregarem o serviço
contratado.
À época, as empresas apresentaram plano de melhora de
investimentos para um período de quatro meses, encerrado em novembro. Na
avaliação do Procon, as empresas não realizam as melhorias previstas no acordo.
Também como parte do acordo, as empresas de telefonia foram obrigadas a divulgar
a real área de abrangência de sinal na capital, e veicular a chamada
contrapropaganda, que informa que o serviço não garante 100% de cobertura.
PROTAGONISTA
Mau serviço causa frustração ao consumidor
O universitário Juan Rocha convive, diariamente, com as
falhas nos serviços prestados pela sua operadora de telefonia, problema
compartilhado por tantos outros brasileiros. Para ele, a qualidade continua
muito aquém do esperado, mesmo após algumas empresas telefônicas serem
proibidas de vender novas linhas por conta, justamente, da má qualidade nas
ligações.
De acordo com Juan, constantemente, o sinal do celular fica
inexistente. "Em fins de semana, a situação fica mais grade, e as ligações
não completam, o celular apresenta que a rede está indisponível, as chamadas,
depois de completadas, não duram mais do que 2 minutos e meio", reclama
Juan Rocha.
Na opinião do estudante, o serviço telefônico móvel só tem
piorado nos últimos tempos, e o agravante, de acordo com ele, "fica para
as horas em que você mais precisa". "Não tem sinal ou as ligações
caem no meio da conversa, o que me deixa muito frustrado", lamenta.
JUAN ROCHA
Estudante universitário
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