SEGURANÇA
Reportagem
sobre relatórios mostrando o Estado Islâmico recrutando jovens brasileiros faz
com que congressistas se movimentem para votar lei antiterror.
BRASÌLIA
– A
revelação feita pelo jornal O Estado de São Paulo em sua edição de domingo (22),
de que os órgãos de inteligência detectaram atuação do Estado Islâmico no
Brasil, deverá acelerar a votação de uma lei específica para criminalizar o terrorismo.
“Se esse tema nunca esteve
no nosso radar, agora entrou”, disse à reportagem o
senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), integrante da Comissão de Relações
Exteriores do Senado.
Ferraço disse que a casa
tenta, há mais de um ano, votar uma proposta sobre esse tema. Porém pelo menos
até agora, o tema não era tratado com prioridade.
O senador Romero Jucá
(PMDB-RORAIMA) disse que relatou um projeto de lei criminalizando o terrorismo.
“Está pronta para votar no
plenário do Senado. Vou cobrar essa próxima semana”,
afirmou.
O texto define o
terrorismo como ação que provoque ou difunda o terror ou o pânico generalizado “mediante ofensa ou tentativa de ofensa à
vida, à integridade física, à saúde; ou privação da liberdade de pessoa”. A
falta dessa legislação impede, por exemplo, que os órgãos de inteligência
monitorem conversas de internautas com integrantes do Estado Islâmico pelas
redes sociais.
O mais provável, porém, é
que haja uma nova discussão sobre o formato de marco legal que o governo
considere mais adequado para combater a ameaça terrorista. Ferraço disse que
pedirá, já na segunda-feira, uma reunião da Comissão Mista de Controle das
Atividades de Inteligência.
Os parlamentares
integrantes desse grupo deverão convidar para uma conversa o chefe do Gabinete
de Segurança Institucional, José Elito, e o diretor-geral da Agência (Abin),
Wilson Roberto Trezza, para ouvir deles o que consideram um marco legal
adequado para agir contra a ameaça terrorista.
“É possível que essa
reunião seja até secreta, dada a complexidade do tema”,
observou o senador.
Na sua avaliação, as ações
de inteligência não são devidamente valorizadas no Brasil. Em parte, observou, isso
é motivado por preconceito, já que há uma associação com as ações do extinto
Serviço Nacional de Informações (SNI) durante a ditadura militar no Brasil.
O presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acredita que o Legislativo pode votar
rapidamente uma legislação específica de combate ao terrorismo.
“Não vejo problema de
debater e votar qualquer mudança de legislação com celeridade”. Disse.
Segundo Cunha, a
iniciativa de propor uma lei específica cabe ao Executivo.
“Mas, ao constatar o fato,
é possível que o Parlamento tenha propostas para isso”,
acrescentou.
A falta de instrumentos
legais para reprimir a ação de terroristas no Brasil é apontada pela Polícia
Federal e Agência Brasileira de Inteligência (Abin) como um dos obstáculos à
contenção da entrada do Estado Islâmico no País.
Fonte:
Agência Estado*
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