
A perseguição a Lula e o
cerceamento aos seus direitos políticos e jurídicos está cada vez mais
evidente. Agora, quem está corroborando essa avaliação é ninguém menos que
Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) indicado ao cargo
pelo então presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 2002.
Em entrevista coletiva
concedida nesta quarta-feira (29) Gilmar Mendes afirmou que a comunidade jurídica
internacional, inclusive a Organização dos Estados Americanos (OEA), está cada
vez mais convencida da tese de que a prisão do ex-presidente Lula teve
motivações políticas.
“Conversei com o pessoal
da comissão da OEA, a visão deles é que no exterior colou a ideia de que ele é
um perseguido político”, afirmou o ministro do STF.
Em missão no Brasil para
avaliar a lisura do processo eleitoral, integrantes da OEA afirmaram a Mendes
que, no cenário internacional, Lula é visto como um preso político.
Na entrevista concedida no
STF, o ministro avaliou que Lula é tratado hoje como um “mártir” por estar
preso em Curitiba. E que isso está colaborando para seu crescimento nas
pesquisas eleitorais para a presidência. Para Mendes, a suposta vitimização do
petista é de responsabilidade do Judiciário e da imprensa.
“Nós já produzimos esse
desastre. Ou as pessoas não percebem que nós contribuímos com a vitimização do
Lula? Estamos produzindo esse resultado que está aí”, criticou.
É a primeira vez que as
eleições brasileiras serão acompanhadas por uma missão da OEA. A decisão da
organização em enviar uma comitiva para acompanhar as eleições aconteceu depois
de convite feito pelo governo brasileiro. A OEA é uma organização internacional
com sede em Washington (EUA), composta pelas 35 nações independentes da
América.
Assanhamento sem noção
Para o ministro do STF, a
Constituição Federal não impede que a Presidência da República seja assumida
por réu em ação penal. Afinal, ser réu é diferente de condenação com trânsito
em julgado. Segundo Mendes, uma interpretação diferente dessa seria um
“assanhamento”. E esse “assanhamento” de insinuar que réu não poderia assumir a
Presidência “dá esse tipo de resultado, as pessoas reagem contrariamente”.
De acordo com matéria do
Portal Jota, um dos mais importantes do meio jurídico, Gilmar propôs o seguinte
exercício aos jornalistas presentes:
“Vamos ler o texto
constitucional como ele está. Qualquer outra situação é devaneio e
irresponsabilidade. Queremos criar o quê? Quem vai ser dirigente da sociedade?
Porque é muito fácil produzir um processo contra qualquer um”, alertou.
Para Gilmar Mendes, um dos
resultados decorrentes do atual cenário é a vitimização de agentes políticos,
pois “as pessoas passam a entender que
está havendo absurdos, abusos”.
O ministro do Supremo
defendeu, ainda, que o Judiciário deve ser contido e não influenciar as
eleições diretamente.
“Não estamos percebendo
isso, que estamos tentando interferir demais na política? Será que nós somos
tolos? É um quadro realmente sem noção. Mas sem noção vocês (imprensa), sem
noção nós (STF), sem noção juízes e promotores”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário