
Por Jairo Lima
O juiz Sérgio Moro aceitou
o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para assumir o chamado
Superministério. Moro dará conta, a partir de 2019, do ministério da Justiça e
também do ministério Segurança Pública, este último comandado atualmente,
inclusive, pelo pernambucano Raul Jungmann.
Pode ser uma questão de
escolha por meritrocacia por parte do presidente eleito. Mas não se trata
apenas de serviços prestados no combate à corrupção, como a interminável
Operação Lava Jato, como a prisão do último sete de abril do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que, no final das contas, chegaram a beneficiar
eleitoralmente Jair Bolsonaro. Por que não? A escolha também passa pela imagem de
um juiz com personalidade, modus operandi e uma imagem de homem público com
posturas pouco menos ácidas do que o próprio Bolsonaro. Moro, acima de tudo,
ainda pode blindar o próprio presidente em assuntos mais delicados de maneira,
certamente, menos belicosa do que Bolsonaro agiria. Por isso, para
bolsonaristas, a escolha do juiz e professor universitário Moro é uma bola
dentro.
Por outro lado, as forças
consideradas do campo de esquerda, representadas no segundo turno das últimas
eleições pela candidatura do professor Fernando Haddad (PT), que, por sua vez,
reproduzia a tentativa frustrada de uma insistente postulação à presidência da
República de Lula, de certa forma, sofrem um enfraquecimento. Portanto, sofrem
e reclamam para defenderem seus respectivos pontos de vista. Seja como ministro
da Justiça ou membro da Corte do Supremo Tribunal Federal (STF), a esquerda
atribui a Sérgio Moro uma espécie de "caçador de petistas" e este
debate deve se estender por mais tempo.
Políticos comentam decisão
de Moro sobre ministério
E como afirmou o próprio
Sérgio Moro:
"Na
prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos
últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior. A Operação Lava
Jato seguirá em Curitiba com os valorosos juízes locais. De todo modo, para
evitar controvérsias desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas
audiências. Na próxima semana, concederei entrevista coletiva com maiores
detalhes".
"Fui convidado pelo
Sr. Presidente eleito para ser nomeado Ministro da Justiça e da Segurança
Publica na próxima gestão. Apos reunião pessoal na qual foram discutidas
políticas para a pasta, aceitei o honrado convite. Fiz com certo pesar pois
terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a perspectiva de
implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito
à Constituição, à lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão.
Abaixo, veja como se
posicionaram algumas personalidades envolvidas diretamente neste processo.
Fernando Henrique Cardoso,
ex-presidente da República, do PSDB
"Moro
na Justiça. Homem sério. Preferia vê-lo no STF, talvez uma etapa. Fusões de
ministérios sim, com prudência. Já vimos fracassos colloridos (sic). Torço pelo
melhor, temo que não, sem negativismos nem adesismos. A corrupção arruína a
política e o país. Se Moro a combater ajudará o país".
Marco Aurélio Mello,
ministro do Supremo Tribunal Federal
"É
um divisor de águas. Ele [Moro] vem atuando com Estado-juiz. Deixando a
magistratura, vem a ser Estado-Executivo. Temos que separar as coisas. Não dá
para confundir o período anterior com o atual. É a opção dele, cada qual faça a
sua. Vamos respeitar o colega".
Silas Malafaia, Pastor
Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo
"Eu
acho que vai ser um gol de placa se o Moro for ministro ou se for pro STF. É o
cara, um símbolo da luta contra a corrupção, do anseio do brasileiro que quer
ver justiça, quer ver as coisas certas. Eu acho que é um golaço".
Fernando Haddad,
ex-prefeito de São Paulo do PT
"Se
o conceito de democracia já escapa a nossa elite, muito mais o conceito de
República. O significado da indicação de Sergio Moro para Ministro da Justiça
só será compreendido pela mídia e fóruns internacionais".
Manuela D'ávila, deputada
estadual pelo PCdoB-RS
"Ao
aceitar o convite para ser Ministro da Justiça, Sérgio Moro decide tirar a toga
para fazer política."
José Eduardo Cardozo,
ex-ministro da Justiça do Governo Dilma
"Eu
nunca vi nada parecido na história da magistratura. Curiosamente, aquele juiz
que se dizia imparcial e isento aceita cargo num governo que ele ajudou
indiretamente a eleger com suas decisões", afirmou Cardozo.
Fonte:
Blog da Folha
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