
Por
Nayara Sousa*
Em coletiva de imprensa
realizada, na tarde da última segunda-feira, o presidente da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Anderson Correia,
confirmou que não haverá bolsas de mestrados e doutorado para novos
pesquisadores a partir de Setembro. O objetivo é conseguir manter os bolsistas
vigentes. O Capes é uma das principais entidades públicas de fomento à pesquisa
do país.
Bolsistas que estiverem
com suas pesquisas em andamento, não serão prejudicados. Com a medida, deixarão
de ser investidos em pesquisa neste ano R$ 37,8 milhões.
No primeiro orçamento
feito pela atual gestão, para 2020, a Capes perdeu metade da verba, que de R$
4,25 bilhões neste ano passou para R$ 2,20 bilhões em 2020. O presidente da
Capes, Anderson Ribeiro Correia, disse que o governo trabalha para tentar
recompor o orçamento.
Cortes dessa magnitude
representam um caótico cenário para a pesquisa no Brasil. Exercer a pesquisa
requer tempo e dedicação, e muitas vezes de forma exclusiva. As bolsas
representam a garantia de sustento para aquele pesquisador que estará abdicando
de um vínculo de trabalho para empenhar-se na construção da ciência em seu
país. Como haverá garantia de continuidade nos programas de pesquisa, se não
existe investimento para continuidade?
Paralelamente a isso,
podemos observar em debate a possibilidade de aumento do Fundo Especial de
Financiamento de Campanha (FEFC), de R$ 1,86 bilhão para R$ 2,5 bilhões. Mais
conhecido como Fundo Eleitoral, o FEFC é um fundo público à disposição dos partidos
políticos para financiar as campanhas eleitorais dos candidatos. Nesse setor,
não haverá cortes e sim possibilidades de aumentos significativos. O debate
sobre a dotação para as Eleições Municipais de 2020 ocorrerá nessa quarta-feira
(4), o relator do Projeto é o Deputado Wilson Santiago do PTB – PB. Se
aprovado, o projeto passará para o Senado.
O paradoxo do Brasil é
que, cortes são extremamente necessários em pesquisas que desenvolvem uma
nação, mas cortes no Fundo Eleitoral, por exemplo, são inadmissíveis. Verbas de
Gabinetes são sagradas, mas verbas para a educação não. E nessa controvérsia
caminha nosso país, onde as prioridades ficam sempre evidentes e estas,
simplesmente nos assustam.
*Enfermeira, pedagoga e
professora universitária
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