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quarta-feira, 18 de maio de 2022

Mais de 90 bebês e crianças esperam vagas de UTI em Pernambuco; ‘situação é caótica’, diz médica

G1

O número de menores de idade que aguardavam vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), nesta terça (17), chegou a 91, em Pernambuco. Uma lista enviada pelo governo ao Ministério Público (MPPE) apontou que havia 11 bebês e 80 crianças na fila. Desse total, 62 precisavam de leitos para pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag).

Dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) mostraram que a espera dobrou na última semana. Em 8 de maio, eram 40 solicitações para leitos de UTI, sendo quatro para adultos e 36 para crianças. No domingo (15), chegou a 73 o número de solicitações, sendo três para adultos e 70 para crianças.

Uma médica que trabalha em seis unidades públicas de saúde do Recife e da Região Metropolitana relatou que a situação é gravíssima e que chegou a ver o oxigênio ser retirado de uma criança menos grave para socorrer uma que teve uma crise convulsiva.

Por medo de represália, ela preferiu não ser identificada, mas afirmou que bebês e crianças chegam a passar quatro dias esperando por uma vaga em leito de UTI. Com um quadro de saúde grave, a demora, algumas vezes, é fatal.

“A situação é caótica. As crianças estão morrendo. No meu plantão, tinha uma bebê de dois meses que esperou quatro dias. No quarto, a gente conseguiu transferir, finalmente. Ela chegou ao Barão de Lucena, foi intubada e no dia seguinte faleceu”, lembrou.

 

Segundo a médica, há relatos de ao menos três óbitos em 15 dias. Além da bebê de dois meses, ela soube da morte de outros bebês de sete e de nove meses.

“Se a gente tem o Barão de Lucena e Imip [Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira] funcionando, com vaga, a gente tem outras possibilidades antes de tentar intubar. E a gente não está tendo isso”, afirmou.

A médica também disse que, por causa da situação, os plantões acabam ficando “fechados”. “Só atende quem chegar grave. Febre, coceira no corpo, diarreia, não atende. E a gente está tendo uma série de problemas com famílias, que não entendem que não existem vagas, ficam revoltadas”, contou.

A Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde da Capital informou, por nota, que acompanha diariamente a listagem da ocupação de UTI e que, diante do aumento da fila de espera, instaurou uma notícia de fato, na segunda-feira (16).

Também na segunda, foi remetido ofício ao Secretário Estadual de Saúde, André Longo, para que fossem apresentadas, no prazo de 72 horas, “as razões para o expressivo aumento da fila de espera por leito de UTI infantil com Srag na rede estadual de saúde, nas últimas semanas, bem como as providências adotadas para a solução do problema”.

O que diz a SES-PE?

Por nota, a Secretaria Estadual de Saúde afirmou que Pernambuco vive atualmente seu período de sazonalidade das doenças respiratórias, quando, historicamente, há uma maior ocorrência.

A SES-PE reconheceu o aumento no fluxo de atendimentos pediátricos e disse que ele ocorre em toda a rede hospitalar, pública e privada.

A secretaria também explicou que predominam casos infecciosos, como vírus sincicial respiratório e rinovírus e que, nos leitos voltados para casos de Srag na rede pública, menos de 2% apresenta infecção pela Covid-19.

O governo informou que vem trabalhando para ampliar a rede e atende o público “de forma descentralizada e regionalizada”.

A SES também afirmou que mantém contato com entidades de classe e os serviços de referência e realizou uma reunião, nesta terça, para tratar da assistência pediátrica no estado, mas não informou o que foi definido no encontro.

A SES afirmou que, desde o ano passado, foram abertos mais de 30 leitos de UTI para este público e que, atualmente, a rede de saúde pública de Pernambuco conta com 233 vagas para bebês e crianças com quadros respiratórios.

São 106 de UTI e 127 de enfermaria. A ocupação geral destes leitos está em 72%, sendo 63% nas vagas de enfermaria e 87% nas de Terapia Intensiva.

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