Repórter da Agência Brasil
Brasília – Parentes das vítimas do acidente com o voo 1907, da
empresa aérea Gol, pedem que o governo brasileiro cobre das autoridades
dos Estados Unidos uma punição administrativa para os pilotos
norte-americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino. Os dois são,
respectivamente, piloto e copiloto do jato executivo que, em 29 de
setembro de 2006, se chocou com o Boeing 737-800, usado pela Gol, na
rota Manaus (AM) - Brasília (DF).
O objetivo da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo
1907 é impedir que Lepore e Paladino continuem voando enquanto o
processo criminal que os dois respondem no Brasil não for encerrado.
Segundo a entidade, Paladino hoje trabalha na companhia American
Airlines, enquanto Lepore segue trabalhando na ExcelAire, empresa de
táxi aéreo que pertencia o jato Legacy que se chocou contra o Boeing da
Gol.
Segundo a diretora da associação, Rosane Gutjhar, o fato de os dois
norte-americanos continuarem pilotando aviões após o Tribunal Regional
Federal da 1ª Região tê-los condenado a
três anos, um mês e dez dias em regime aberto é um desrespeito a
acordos assinados pelos Estados Unidos, como, por exemplo, a Convenção
Sobre Aviação Civil Internacional, também conhecida como Convenção de
Chicago, estabelecida pela Organização de Aviação Civil Internacional
(Oaci).
“De que adianta haver acordos se os Estados Unidos não os cumprem
por se sentirem superiores? Precisamos que o Itamaraty cobre dos Estados
Unidos o respeito aos acordos, cobrando medidas práticas”, declarou
Rosane à Agência Brasil, logo após se reunir com a
ministra da Secretaria de Direitos Humanos, da Presidência da República,
Maria do Rosário, a quem foi pedir o apoio político à luta da
associação.
Com base no relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que apontou que os pilotos
norte-americanos estavam com o transponder (equipamento que
informa aos controladores de voo a posição exata da aeronave) desligado
no instante do acidente e também considerando as sanções administrativas
já impostas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a Lepore e
Paladino, a associação cobra que ao menos os brevês (licenças para voar)
dos dois sejam cancelados. Mas segundo Rosane, as autoridades
aeronáuticas norte-americanas e nem as empresas aéreas contratantes de
Lepore e de Paladino responderam aos últimos ofícios e pedidos de
providências da associação.
Em 2010, a Agência Brasil acompanhou a tentativa de
representantes da associação de entregar aos responsáveis pelo
escritório da American Airlines em São Paulo um estojo contendo duas
réplicas das caixas-pretas dos dois aviões envolvidos no acidente. Cada
réplica continha um pen drive com o áudio das conversas
gravadas nas cabines do Boeing e do Legacy que, segundo a associação,
comprovariam os erros e as falhas de Lepore e de Paladino, além dos
momentos de agonia vividos pelos pilotos do voo da Gol. A presidenta da
entidade, Angelita de Marchi, sua cunhada, Luciana Siqueira, e o
advogado da entidade, Dante D'Aquino, não foram recebidos e tiveram que
deixar o estojo na portaria do edifício, com um segurança.
“Então eles vêm ao Brasil, matam 154 pessoas por imperícia e
negligência, voltam para os Estados Unidos, dizem que nosso país é terra
de índio, continuam a pilotar e o governo brasileiro vai deixar por
isso mesmo?”, questiona Rosane.
Edição: Carolina Pimentel
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