O júri popular de quatro
policiais militares acusados de obrigar 17 adolescentes a pular no Rio
Capibaribe, em 2006, tendo dois deles morrido afogados, deve terminar hoje à
noite. A informação é do promotor de justiça André Rabelo que compõe a acusação
dos réus.
Presidido pelo juiz da
Primeira Vara do Tribunal do Júri, Ernesto Bezerra, o julgamento teve início
por volta das 10h de ontem, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha
Joana Bezerra, área central do Recife. Na primeira sessão, foi formado o
Conselho de Sentença, composto por duas mulheres e dois homens.
Oito vítimas, na época do
crime menores de 18 anos, também foram ouvidas na manhã de ontem. À tarde, foi
a vez dos acusados: os ex-PMs Aldenes Carneiro da Silva, José Marcondi
Evangelista, Ulisses Francisco da Silva e Irandi Antônio da Silva. O tenente
Sebastião Antônio Félix também iria participar do banco de réus, mas pediu para
que fosse julgado separadamente. Para ele, foi marcado um novo júri, dia 14 de
julho, às 9h.
Três outros militares
foram denunciados pelo Ministério Público de Pernambuco e também serão julgados
posteriormente. Segundo André Rabelo, o órgão entendeu que a participação dos
três, na noite do crime, foi menor.
Hoje, o MPPE poderá fazer
a acusação por duas horas e meia. A defesa, formada pelos advogados José de
Siqueira e Emerson Davis Gomes, terá o mesmo tempo para rebater. Na segunda
sessão, ainda haverá direito a réplica e tréplica. A sentença deve ser
divulgada no fim do dia.
Procuradas pelo JC, as
vítimas que depuseram ontem afirmaram se sentir ameaçadas pelos policiais. “Só
queremos que a justiça seja feita. Depois disso, espero que meu rosto seja
esquecido por essas pessoas”, declarou um dos jovens, sem querer se
identificar.
O PM reformado Israel
Ferreira, pai de Zinael José, morto no crime, declarou estar confiante na
condenação dos acusados. “Temos esperança de que eles paguem pelo que fizeram e
sirvam de exemplo para outros policiais. Nunca pensei que meu filho seria
assassinado por um colega”, desabafou.
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O
CASO
Os policiais são acusados
de terem abordado o grupo de 17 adolescentes, em duas viaturas, no dia 28 de
fevereiro de 2006, próximo ao Cais de Santa Rita, Centro. As vítimas afirmaram
que estavam se dirigindo ao Recife Antigo para brincar Carnaval.
Os jovens teriam sido
colocados nos veículos e levados para perto da Ponte Joaquim Cardozo, em Joana
Bezerra. Segundo eles, foram agredidos e obrigados a atravessar o rio nadando.
Zinael José Souza da Silva, 17, e Diogo Rosendo Ferreira, 15, não sobreviveram.
Dois dias depois, foram encontrados boiando no rio, no bairro da Torre, Zona
Oeste. Fonte: jconline.ne10.uol.com.br
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