
Por
Silvio Costa*
Há doze anos conheço Jair
Bolsonaro. Quem conhece Bolsonaro não vota em Bolsonaro. O homem que, por
enquanto, está liderando as pesquisas, na verdade é um grande marqueteiro. Um
político que se apropriou de algumas frases de efeito do tipo “bandido bom é
bandido morto”, frases que têm ressonância em uma grande parcela da população
brasileira, em razão da violência que tem assustado o País.
Em três mandatos de
convivência na Câmara Federal, nunca vi Bolsonaro participar de debates sobre a
educação, saúde, orçamento público, meio- ambiente, geração de empregos, enfim,
nunca ouvi nenhuma fala de Bolsonaro sobre qualquer assunto de interesse da
economia brasileira e da gestão pública responsável.
Já presenciei, por
diversas vezes, o marqueteiro Bolsonaro agredir as minorias, defender a
diminuição da maioridade penal, defender a indústria das armas e, sobretudo,
decorar e falar frases de efeito como aquela em que homenageou o coronel
Brilhante Ustra, um torturador, no dia do impeachment da presidente Dilma.
Reconheço que Bolsonaro
sempre soube onde queria chegar. Ele percebeu claramente que existe uma plateia
que aplaude estes arroubos.
Bolsonaro se apresenta
como o “senhor solução”, com propostas simplistas e ameaçadoras.
É evidente que respeito o
direito de escolha das pessoas, o voto livre e soberano, entretanto tenho o
dever, como cidadão e como parlamentar, de alertar que – se eleito presidente
–, Bolsonaro será, tenham certeza, o “senhor decepção”.
Bolsonaro sempre foi um
parlamentar isolado, dificilmente recebia atenção de algum colega parlamentar.
Nunca teve liderança, capacidade de articulação e poder de influência. Esta
semana, no plenário, fiquei impressionado com a quantidade de deputados que já
apoiam Bolsonaro. Os que não se reelegeram estão atrás de emprego e os que se
reelegeram e conhecem Bolsonaro sabem que estão prestando um desserviço ao
País, mas já estão preocupados com a velha política do “é dando que se recebe”.
São os eternos governistas de plantão.
Não tenho respeito por um
parlamentar que conhece Bolsonaro, convivi com Bolsonaro e vota em Bolsonaro.
Ratifico que respeito os
eleitores e eleitoras de Bolsonaro, aliás é o meu dever constitucional
respeitar o contraditório. Infelizmente, Bolsonaro não tem militantes, tem
adeptos. Falando inverdades, lamentavelmente ele conseguiu chegar ao coração de
milhões de homens e mulheres do Brasil.
Quando Bolsonaro diz que
vai dar uma arma a todo brasileiro e brasileira, ele está mentindo. Bolsonaro
sabe que essa decisão não depende do presidente da República e sim do Congresso
Nacional. Torço para que o Brasil reflita e não eleja Bolsonaro, não cometa
esse erro histórico. Mas, se essa for a decisão majoritária do povo brasileiro,
temos que desarmar os palanques e cuidar da pacificação do País. Temos que
cuidar do nosso bem mais precioso: a democracia.
*Deputado federal e
vice-líder da oposição na Câmara. A opinião é de inteira responsabilidade do
autor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário