O julgamento de Jorge
Beltrão Negromonte da Silveira, Isabel Cristina Pires da Silveira e Bruna
Cristina Oliveira da Silva acontece nesta sexta-feira (14/12), a partir das 9h,
na 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no Fórum Desembargador Rodolfo
Aureliano, Ilha Joana Bezerra, no Recife. Os réus são acusados pelas mortes de
Alexandra da Silva Falcão, 20 anos, e Gisele Helena da Silva, 31 anos, no
município de Garanhuns, no Agreste pernambucano. A sessão do Júri será
presidida pelo juiz Ernesto Bezerra Cavalcanti.
Os três réus são julgados
por duplo homicídio triplamente qualificado (cometidos mediante paga ou
promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; com emprego de veneno, fogo,
explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum; e à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou
outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima); e também
pelos crimes de ocultação e vilipêndio de cadáver e de furto qualificado. Jorge
Beltrão Negromonte da Silveira e Bruna Cristina Oliveira da Silva respondem
ainda por estelionato (obtenção de vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício ou qualquer outro meio
fraudulento). A ré Bruna Cristina Oliveira da Silva será julgada também pelo
crime de falsa identidade.
Júri – No início da
sessão, haverá a escolha dos sete jurados para compor o Conselho de Sentença.
Para o julgamento, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) solicitou a ouvida
do delegado Wesley Fernandes Oliveira, que investigou o caso em Garanhuns. Após
a oitiva da testemunha, segue a fase de interrogatório dos réus. Em seguida,
haverá o debate entre o promotoria e a defesa. Cada um tem até duas horas e
meia para expor seus argumentos. Na sequência, poderá haver a réplica para o
promotoria, que dura até duas horas, e a tréplica para a defesa, com a mesma
duração. E depois, o subsequente julgamento pelo Conselho de Sentença.
Caso – Segundo a denúncia
do MPPE, no dia 25 de fevereiro de 2012, por volta das 15h, na residência dos
acusados, situada na rua Emboabas, no bairro de Jardim Petrópolis, em
Garanhuns, Gisele Helena da Silva teria sido assassinada pelos réus por meio do
emprego de arma branca (faca peixeira). De acordo com os autos, a vítima foi
atraída para a casa dos acusados por Isabel, sob o pretexto de ouvir conselhos
e falar da “Palavra de Deus”.
No local, conversou com
Bruna e quando estava de costas foi atingida por um golpe de faca na garganta
desferido por Jorge Negromonte, vindo a óbito, segundo narrado pelo Ministério.
A vítima teria sido arrastada para o banheiro onde foi esquartejada por Jorge e
Bruna. Partes dos corpos teriam sido armazenadas para o consumo dos três
acusados. O restante do corpo foi enterrado no quintal da residência em um
buraco previamente aberto por Jorge com esse intuito. Ainda de acordo com a
denúncia, os réus subtraíram os pertences da vítima, dentre os quais carteira
de trabalho, CPF e cartões de crédito, utilizados para realização de compras no
comércio local.
O assassinato da outra
vítima, Alexandra da Silva Falcão, de acordo com a denúncia do MPPE, ocorreu no
dia 12 de março de 2012, também na residência dos acusados. Alexandra teria
sido chamada por Bruna para trabalhar como babá de uma criança que ela
apresentava como filha, enquanto Isabel ficou à espreita para garantir a
execução do plano. Na residência dos réus, enquanto conversava com Bruna, a
vítima foi atingida também por um golpe de faca na garganta desferido por
Jorge, por meio do qual faleceu. Segundo os autos, em seguida foi arrastada
para o banheiro, onde foi esquartejada por Jorge e Bruna. Parte dos restos
mortais teria sido consumida pelos três e o que sobrou do corpo foi enterrado
também numa cova feita por Jorge no quintal da sua residência.
Falsa identidade – Também
consta nos autos que no dia 11 de abril de 2012, na 135ª Delegacia de Polícia
de Garanhuns, a denunciada Bruna identificou-se como Jéssica Camila da Silva
Pereira, por meio de um RG furtado, com o objetivo de não responder por
eventuais ações penais. Os autos revelam que Jéssica teria sido a primeira
vítima dos acusados quando tinha 17 anos. O crime ocorreu em 2008 no Loteamento
Boa Fé-I, bairro de Rio Doce, em Olinda. Depois do crime, a filha da jovem, que
tinha 1 ano, passou a ser criada por Jorge Beltrão, Isabel Pires e Bruna
Cristina. Os três réus foram acusados de ter guardado a carne de Jéssica para
consumo, além de ter ocultado os restos mortais. Pelo uso da falsa identidade
em Garanhuns, Bruna responderá também no Júri da sexta, na 1ª Vara do Tribunal
do Júri da Capital.
Condenação – Em relação
aos outros crimes cometidos contra Jéssica Camila da Silva Pereira, os acusados
foram condenados por homicídio quadruplamente qualificado, vilipêndio e
ocultação de cadáver, na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Olinda, em 14 de
novembro de 2014, em sessão presidida pela juíza Maria Segunda de Lima. O réu
Jorge Beltrão foi condenado a pena de 21 anos e 6 meses de reclusão, mais 1 ano
e 6 meses de detenção. Isabel Cristina foi condenada a 19 anos de reclusão e 1
ano de detenção. A ré Bruna Cristina, a 19 anos de reclusão e 1 ano de
detenção.
(Com informações do
V&C Garanhuns)
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