A chegada do 5G vai traçar um novo mapa de empregos no país e exigir novas habilidades profissionais. Esse movimento já começou com a instalação das redes da quinta geração de telefonia — que começa a operar nas capitais no segundo semestre — e vai ganhar força nos próximos anos, impulsionando profissões que não existiam há pouco tempo.
É o que mostram
estimativas da Conexis, que reúne empresas de telecom, e da Associação
Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom).
A expectativa é que cerca
de 50 mil novos empregos formais sejam abertos neste ano somente nas empresas
de telefonia, um aumento de 10% nos seus quadros. Considerando os investimentos
de companhias de diversos setores relacionados ao 5G em diferentes aplicações
da nova tecnologia, o número de vagas pode superar 670 mil até 2025.
Não vão surfar essa onda
apenas os profissionais de TI e engenheiros. Especialistas em dados,
inteligência artificial, impressão 3D e segurança da informação serão alguns
dos trabalhadores mais procurados, mas também haverá transformações e
oportunidades em áreas distintas como indústria, marketing, vendas, gestão,
agronomia e medicina.
O número de empregos pode
ser ainda maior considerada a movimentação de empresas para contratar profissionais
voltados para a inovação no universo de alta conectividade prometido pelo 5G,
que já trabalham no desenvolvimento de produtos e serviços que ainda nem
existem. Diferentes profissionais terão de desenvolver habilidades, como uma
espécie de “raciocínio computacional”.
Instituições como Fundação
Getulio Vargas, PUC-Rio, ESPM e SoulCode Academy já desenvolvem especializações
relacionadas ao 5G. Marcos Ferrari, presidente da Conexis, vê esses novos
profissionais com aptidões transversais, como ter insights e raciocínio rápido
para resolução de problemas em diferentes áreas e “desaprender e reaprender”:
— Pode parecer fácil, mas
estamos habituados a aprender o que vemos e ouvimos. No 5G isso é preciso
desaprender e reaprender muito rápido.
Especialistas e empresas
destacam que temas como inteligência artificial, machine learning, dados (big
data), banco de dados, algoritmos e internet das coisas (IoT, na sigla em
inglês) farão parte do dia a dia de profissionais como médicos, advogados,
arquitetos e publicitários, entre outros. Isso, dizem, será essencial para
entender, desenvolver e vender os novos serviços e aplicações do 5G de forma
atrativa.
— Esse profissional do
futuro vai ter que ser um programador, lidar com robôs e sistemas de medição. A
competência básica é saber lidar com dispositivos digitais. Todos vão ter que
se inserir nessa área e desenvolver uma espécie de raciocínio computacional,
define Sérgio Paulo Gallindo, presidente da Brasscom.
Raphael Carriço, gerente
da divisão de Tecnologia da Michael Page, lembra que nem todas as novas
posições são técnicas, como as de engenheiro de rede e de telecom, com salários
entre R$ 5 mil e R$ 15 mil.
Ele cita o product owner,
com salários de R$ 8 mil a R$ 12 mil, como uma dessas novas profissões.
Trata-se de um especialista com visão geral sobre projetos de desenvolvimento
tecnológico sem conhecimento técnico específico.
Outro caso é o gerente de
conta, responsável pela estratégia de venda de inovações, com salários entre R$
7 mil e R$ 15 mil e formação em marketing ou administração, por exemplo.
—O 5G vai precisar de um
grande contingente que saiba vender e demonstrar como isso funciona, diz
Carriço.
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