Folha
de Pernambuco
Em
coletiva de imprensa realizada nesta quarta (12), no auditório da Secretaria de
Defesa Social de Pernambuco (SDS), foi detalhada a investigação que culminou na
identificação de Marcelo da Silva, de 40 anos, apontado como assassino de
Beatriz Angélica Mota. Segundo a SDS, ele já está preso, por conta de um crime
de estupro de vulnerável.
A
criança de sete anos foi encontrada morta dentro do Colégio Nossa Senhora
Auxiliadora, em Petrolina, no Sertão do Estado, em 10 de dezembro de 2015. A
menina foi alvo de 10 golpes de faca (e não 42, como havia sido divulgado
depois do crime; a correção foi feita na coletiva) dentro de um depósito de
material esportivo da escola.
“Agradecemos
a todos os policiais civis e da científica que se dedicaram nesses seis anos,
sem medir esforços para fazer todas as perícias e análises possíveis. Graças a
isso, chegamos, com provas técnicas e científicas, ao autor do crime bárbaro”,
disse o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Humberto Freire.
“Com
essa indicação cabal, procedemos a outras diligências. O suspeito indicado foi
devidamente interrogado, confessando a prática do homicídio de Beatriz. Ele,
inclusive, apresentou a narrativa temporal que coube perfeitamente ao que vinha
sendo investigado. Vários exames complementares de confirmação foram feitos até
chegar ao laudo final. A Força Tarefa permanece trabalhando para compilar tudo
que é necessário para ser encaminhado ao Ministério Público”, detalhou.
“O
acusado queria dinheiro para fugir da cidade. Pela narrativa, ele disse que fez
aquilo porque ‘foi a pessoa que encontrou’. Pelo susto dela, ele disse que
decidiu silenciá-la com as facadas”, apontou o secretário.
Motivação
Também
foi detalhada a suposta motivação para o crime. “Temos a motivação alegada.
Que, ao ter contato do assassino com a vítima, ela teria se desesperado e, por
isso, foi silenciada a golpes de faca. Motivação que se coaduna com o trabalho
científico e técnico. As imagens foram recuperadas em 100%. Não há como macular
a investigação. Muito se especulou sobre uma atuação intencional de prejudicar
a investigação. Isso não aconteceu. Se houve uma ação ilegal do ponto de vista
administrativo, isso foi analisado, mas não houve fraude do ponto de vista
criminal. Reafirmo: o trabalho foi sério, chegando a uma prova de DNA que
proporcionou o interrogatório e uma confissão”, explicou Freire.
“O
trabalho de refino da amostra (de DNA) permitiu a inclusão no banco de perfis
genéticos, com as comparações. Tivemos um incremento recente de profissionais
especializados, além de equipamentos. O perfil do acusado foi inserido no banco
em 2019, após o trabalho de mapeamento de pessoas presas. Houve um primeiro
indicativo (genético) em 2021. Depois disso, foi feita uma nova coleta dos
materiais dele, na semana passada, para ter a certeza do “match”, do confronto
positivo dos dados”, apontou Humberto.
O
secretário informou, ainda, que o acusado já estava preso por um crime prévio.
“Atendemos os familiares da vítima e apresentamos as informações disponíveis. O
acusado já se encontra preso por conta de um crime de estupro de vulnerável”,
completou o secretário.
Foi
detalhado, ainda, que o acusado tem histórico de crimes sexuais. Ele foi preso
por isso em 2017. Mesmo com esse histórico, foi ressaltado, durante a coletiva,
que não há indício que ele tentou crime sexual contra a vítima.
Sobre
a quantidade de facadas, o secretário explicou a mudança (de 42 para 10).
“Temos um laudo que indica 10 perfurações a faca. Antes, se falava do número de
fotografias. O acusado alegou que fez isso (número de facadas) porque só ia
parar até silenciar a vítima”, disse.
Investigação
Por
determinação do governador Paulo Câmara, uma Força Tarefa foi criada em 2019
para investigar o caso. A equipe revisitou todo o inquérito e realizou novas
diligências. A identificação do suspeito se deu por meio de análises do banco
de perfis genéticos do Instituto de Genética Forense Eduardo Campos.
No
processo, foi recolhido o DNA encontrado na faca utilizada no ato. Dessa forma,
chegou-se ao material genético do suspeito, que já estava preso por outros
delitos, em uma unidade prisional do Estado. Ao ser ouvido pelos delegados que
investigavam o caso, o homem confessou o assassinato e foi indiciado.
Confusão
Antes
da coletiva, os pais de Beatriz, Lucinha Mota e Sandro Romilton, estiveram na
SDS, na tentativa de acompanhar o pronunciamento da Polícia Civil, mas sem
sucesso. A mãe da vítima criticou a demora na resolução do caso e citou que
haviam detalhes que não foram informados na investigação.
“São
seis anos sem minha filha. Seis anos aguardando uma resposta. Por isso, nós
tínhamos pedido a federalização do caso. Todo crime tem uma motivação e precisamos
saber qual foi”, desabafou.
“Os
pais da vítima estavam abalados. Conversamos sobre tudo, mas dentro dos
parâmetros de sigilo”, disse Humberto. “Eles saíram com as informações viáveis.
O advogado da vítima prosseguirá acompanhando os próximos passos no Ministério
Público. Tínhamos diligências em andamento ontem à tarde e, durante isso,
surgiu na imprensa a questão questão laudo. Ela telefonou ao chefe de polícia,
que passou as informações. Ao fim da reunião, em que pese todo o sofrimento, os
esclarecimentos foram bem recebidos. Não é apenas um laudo ou confissão, mas
sim todo um contexto que se coaduna com os fatos e a análise científica”, completou.
A mãe falou com a imprensa. “Estou com fé acreditando que ele é o assassino, mas isso não é suficiente. O crime foi praticado com muito ódio. Não tínhamos inimigo, mas o colégio tem. Isso que precisa ser investigado. Não se pode fechar os olhos a isso. Pode ser crime de ódio. Não aceitaremos somente um DNA. Vamos acompanhar cada passo da investigação”, disse.
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